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Um corpo branco inocente quando sangra, quando morre, exige pena coletiva: nossa morte. Um corpo negro inocente quando sangra, quando morre... quantos tiros? Nenhuma pena, nenhuma culpa, apenas um “caso isolado” no cotidiano da Vida. Ora, não sei o que prefiro: se imaginem sangue em minhas mãos ou uma arma... Mas não importa: tudo inventam, como se os olhos estivessem podres de colonialidade, que não conseguem mais enxergar a própria claridade. Juliana Sankofa Obs: Quando uma mulher morre só é um grande problema se for problema de gênero ou racial? Imagem gerada com IA.
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  E se eu não me curvar? As costas doem mais e a escrita fica sem agência, sem ar. Estradas retas são mais seguras. Eu sou o imprevisto da próxima curva: colido quando não esperam a minha existência. Medos alheios me engolem e me defecam. Deixa-me caminhar entre os sussurros, observando o terreno do audível e do lido... Sento-me com uma xícara branca nas mãos, afiando a caneta, assinando no escuro o que não posso declarar. Juliana Sankofa
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  Onde estão? Ora estão escondidas entre minhas cicatrizes, invisíveis ao olho nu. Ora estão amarradas em meu corpo, prontas a explodir devido às minhas crenças. Ora as mastigo e cuspo ao chão, enquanto contemplo a lonjura das coisas. Onde estão quando eu estou no mundo branco das Letras? Cativas em algum lugar, esperando que me digam como usá-las... na ilusão de que isso seja possível. Onde estão? Na jugular de qual cidadão? Em qual sistema? No quadro negro de qual professor? Lâmina contaminando as entrelinhas e que chamam de arma branca quando está nas minhas mãos. Juliana Sankofa 10/08/2025 João Monlevade–MG
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Gosto de amare ser amada, de mapear os desejos no fio solto da lingerie e reescrever em mim outros sentimentos além da dor. Gosto de amar e ser amada, rompendo do peito essa cilada que me deixa rouca, que me deixa fria. Tumultuado túmulo, às vezes, é o coração. O amor me ressuscita no terceiro dia, e, em seus braços, sinto-me Deus. Juliana Sankofa 09/08/2025  João Monlevade - MG 
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Eu não aboli os brancos que fingem não ver claramente o que tem ocorrido em sua volta. Não posso e não me importo se em seu corpo eu enxergue a diferença que nos une se quando me olhar, não me ver nem igual, nem humana. Ah, eu também não aboli os negros, Nem os claros, nem os escuros, por se esquecerem da grande árvore que nos une quando de forma clara me objetificam Eu não me aboli dos medos que sinto ao vozear, daqueles que eu amo e que eu posso afastar das mulheres que eu amei e me forcei a relevar a herança escravocrata comportamental camuflada em suas peles enquanto eu gemia de prazer. Eu aboli este poema. Juliana Sankofa 25/05/2025
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Se for, não volte. Estou cansada das suas tantas idas, todas doloridas, para depois aparecer arrependida, dizendo que me ama. E o meu coração, batendo enigmas, aceita todas as suas vindas. É preciso que, quando for, não volte. Eu explodi o caminho de volta, ninguém nele passará. Eu, acostumada a caminhar sobre as pedras, talvez a memória me traga aqui, e eu já esteja acompanhada, vivendo novamente. Juliana Sankofa 
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  Colonizaram minha calma, minha alma vive marejada, com pouca pausa para respirar Pegaram minha paz e comeram-na crua e sem sal, apropriaram-se daquilo que mataram: os antropofágicos canibalizaram os   antropófagos, enquanto arrotavam caviar.   Colonizaram minha calma, eu sorri cordial afiando a ponta da lança com qual eu escrevo na areia de frente ao mar o ritual de retorno, deles. Juliana Sankofa  15/07/2025