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Dinamitações diárias,a guerra antes de ser oficializada é silenciosa é amarga que chega a ser confundida com a fome. Corpos-alertas sem chão, sem filhos, sem mães sem Deus veem cair do céu estrelas quebradas de Belém, fardadas. Oriente partido sem profecia de nenhum horizonte. Ó Deus de Israel, não os perdoe, eles sabem o que fazem O senhor escuta as lágrimas entre os escombros? Não siga a politicagem dos homens que apalpam os ombros pensando em poder. Na ausência de misericórdia, Territórios-almas violados, O sujeito levado ao seu extremo se apoiam na loucura ou na sabedoria que a dor causa e se tornam também bombas. Juliana Sankofa Link da imagem:  https://pin.it/41AlhGa  (fonte Pinterest)
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  Abra o caminho em silêncio não fale por mim, não diga sobre mim não me estude se não for capaz de colocar em pauta os seus privilégios com a mesma força que quer falar sobre quem não é. A intelectualidade é vasta, Pode-se pensar sobre o mundo, sobre tudo e sobre todos. Meu corpo não deslegitima o seu saber, porém, por que o seu deslegitima o meu? Só queria dizer que eu estou cansada de todos os seus pactos, dos seus falsos discursos da sua pouca prática por mudança social É cômodo viver nesse caos, em que sua voz é escutada enquanto milhares iguais às minhas são silenciadas. Eu sei quem é você entre os iguais, Se não dói na sua pele, nem se manifesta Está escrito na sua testa: que me prefere objeto ao invés de sujeito Não importa como me chama: querida, amiga ou flor Eu sinto horror desse corpo que não se olha, por medo de ver os próprios traços, morais e físicos que oficializou o genocídio, o epistemicídio e o mentecídio de pessoas como eu Juliana Sankofa Link da imagem/fonte: pinte
Sorriem, eu sorrio de volta. Cativam-me em prol de dominar Eu cativo de volta afetos, No susto percebem, que eu sou a ferrugem ácida das correntes de quem se camufla na sombra de minha identidade. Deixo que se aproximem, meu corpo-medusa quer brincar de escravo de Jó com suas entranhas de pedra. Juliana Sankofa Link da imagem:https://pin.it/57ek8rx (pinterest)  
  Noturna, Estou em casa. Em todos os lugares, o opressor dorme embalado pela própria ilusão de bondade. Amanhã, quando bater a porta dos meus olhos a claridade de mais um dia Falarei do óbvio e quebrarei as lentes do Panóptico Abraçarei quem eu amo Ligarei para minhas mães a fim de ser embalada pelas vozes que me cicatrizam todas as feridas das batalhas da arena discursiva do pensar. Prometo a mim, Que eu não ficarei sem ar, vou me esperançar enquanto ainda escrevo Meu ser sangra pelo verso, minhas grandes ondas estão no avesso do que é visível. Deus me livre dessa preta arte do sensível, abolindo minha fé de que palavras bonitas mudam almas horrendas Ó senhor, meu corpo não é sua oferenda Não tenho nada a oferecer nem mesmo esse poema mas lhe peço: apague as estrelas, apague todas as velas, apague todo racista que tem medo de cara preta Amém. Juliana Sankofa Link: https://pin.it/7xw4hHk
 
  Não estou a serviço, nem nasci a passeio. Vivo carrego no peito tantos anseios e nenhum mapa que me leve para um território em que a paz seja da minha cor. Não estou a serviço, nem nasci a passeio no meu corpo é o meu primeiro paradeiro Não me machuque, Não me subjugue, Não me domestique. Não me escravize! Quando os olhos veem, chama-me “amiga” No entanto, no privado das relações honra o privilégio da alva pele que eu chego a pensar que toda sinhá é marxista Não estou a serviço, nem a passeio escrevo metáforas enquanto silenciam-me para que eu não diga, na minha perspectiva, uma verdade mais coesa que a sua. Não estou a serviço, nem a passeio Sorrio, com o abismo na boca em forma de diastema. Juliana Sankofa Link da imagem:https://pin.it/20E4gwe (pinterest)

POEMA DE MEIO-DIA NUMA NOITE ESCURA

Fui a primeira Nem por isso sou a melhor e nem a pior do que aquelas que não foram Fui a primeira da minha família a ser professora Fui a primeira da minha família a ser chamada mestre Fui a primeira a ser chamada escritora Fui a primeira a ser doutoranda Não fui a primeira a superar os meus traumas Nem a primeira a procurar tratá-los Mas eu fui a primeira em tantas coisas que sai puxando quem não pode ser a primeira. Fui a primeira Por isso, ser humano algum tem o direito de me fazer sentir como se eu fosse a última a última a ser respeitada a última a ser considerada a última a ser amada a última a ser ouvida Sempre fui a última a chorar Hoje, luto para ser a primeira Quem sabe assim reconheçam a minha estranha humanidade. Juliana Sankofa fonte da imagem: @ufabizphoto