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Mostrando postagens de setembro, 2015

SÉTIMO DIA

                                             Ao morro da Providência - RJ  Os mortos não falam Os vivos enganam E todo preto morto é dito como culpado E todo preto vivo é dito como bandido Cuidado com os preconceitos fardados Cuidado com as mãos cristãs que engatam o revólver Pois na favela a verdade é um cadáver Os mortos não falam Os vivos enganam É tanta hipocrisia e ganância E nenhuma sindicância para os atos da polícia Que louva eternamente a branca aristocracia Mortos não falam Mortos não escrevem Mortos não votam Mortos não desobedecem M V L R O E A E R L G Z T A R A O S I   S S   M      A       S E um sétimo dia eterno nas periferias do Brasil.                                                                                                                                  

APENAS UM "DISSE-ME -DISSE"

Discursa sobre inclusão social Enquanto trata o subalterno como animal Diz que é contra o racismo quando dentro do coração cultiva a flor do nazismo Diz que quer Educação libertária Quando dentro da sala aliena e considera seus alunos gente otária Diz que ama o que faz Quando exerce com eficácia um espírito capataz Diz que é devota de Maria Quando aos outros devota a hipocrisia Diz que diz Jura que não disse Finge que não é mas no fundo todo mundo sabe o que é.                                                          Juliana Costa  25/09/2015

AMANHECENDO-ME

Nesta manhã Vejo o meu corpo ser abençoado pelo sol como um talismã E ainda convivo com os sonhos que se escondem por detrás dos pensamentos que surgem Nesta manhã Não tenho tempo para os medos Minha alma tem em si mil segredos Pois viver corresponde ao caminho Em que enfrentamos furacão ou redemoinho Terremotos ou erupções Sem que tudo isto surja da natureza E sim dos Homens Nesta manhã pensei que sentia vontade de chorar por motivos desconhecidos ainda a mim Mas eu nasci para suportar Mesmo que não saiba desta ópera qual será o fim Nesta manhã não vejo retratos na parede Nem pretendo me deitar na rede contemplando a existência Pois eu vivo uma luta, dolorida resistência De que como está manhã e todas que virão O destino não será senhor, a morte não será sinhá Eu tenho sonhos a anunciar E palavras que em minha boca surgem para protestar Eu tenho a necessidade éterea de acreditar Que sou aquilo que sou Sem medo do que em mim a sociedade forjou E eu estou

SUTILEZA

                                                          Á Maria Creusa Zacarias Necessito sutileza para responder a altura toda a aspereza daquela gente que se acha branca realeza Preciso de preciosa sutileza para com quem possui uma falsa gentileza Esta fina gente que inferioriza e com santos nos bolsos martiriza Eu necessito de sutileza para permitir que a minha palavra ofereça Liberdade para os pensamentos Sabedoria por meios de ancestrais ensinamentos Eu necessito de sutileza Enquanto na favela ao pobre preto alvejam Sem que determinam Que minha reação aos seus abusos seja violência Que eu seja um crime contra a moral e contra a decência Eu necessito de sutileza para exercer de fato uma preocupada docência E tudo que eu sou seja de fato a minha decência.                                                                                           Juliana Costa  27/09/2015