SÉTIMO DIA

                                             Ao morro da Providência - RJ 

Os mortos não falam
Os vivos enganam
E todo preto morto é dito como culpado
E todo preto vivo é dito como bandido
Cuidado com os preconceitos fardados
Cuidado com as mãos cristãs que engatam o revólver
Pois na favela a verdade é um cadáver

Os mortos não falam
Os vivos enganam
É tanta hipocrisia e ganância
E nenhuma sindicância para os atos da polícia
Que louva eternamente a branca aristocracia

Mortos não falam
Mortos não escrevem
Mortos não votam
Mortos não desobedecem

M V L R
O E A E
R L G Z
T A R A
O S I   S
S   M
     A
      S

E um sétimo dia eterno nas periferias do Brasil.
                                                                         
                                                                  Juliana Costa 30/09/2015

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