Pular para o conteúdo principal

SUTILEZA

                                                          Á Maria Creusa Zacarias

Necessito sutileza
para responder a altura toda a aspereza
daquela gente que se acha branca realeza

Preciso de preciosa sutileza
para com quem possui uma falsa gentileza
Esta fina gente que inferioriza
e com santos nos bolsos martiriza
Eu necessito de sutileza
para permitir que a minha palavra ofereça
Liberdade para os pensamentos
Sabedoria por meios de ancestrais ensinamentos
Eu necessito de sutileza
Enquanto na favela ao pobre preto alvejam
Sem que determinam
Que minha reação aos seus abusos seja violência
Que eu seja um crime contra a moral e contra a decência
Eu necessito de sutileza
para exercer de fato uma preocupada docência
E tudo que eu sou
seja de fato a minha decência.
                      
                                                                   Juliana Costa  27/09/2015

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

AUTOSSABOTAGEM

É abafar o grito e forçar  um sorriso receptivo enquanto professa que somos todos iguais. É amarrar os próprios sonhos em uma âncora e lançá-los em profundo buraco. É ser visionário da desgraça Prever apenas os escombros do futuro e a dor É rasgar os próprios poemas, quebrar todos os lápis, queimar todas as folhas e explodir a caixa de energia de casa. Autossabotar É construir uma armadilha que captura apenas o interior É ter as próprias digitais no pescoço e ser a testemunha de acusação e o reú. É chorar e dizer que as lágrimas salgadas Não fazem arder as feridas É tropeçar no cadarço do sapato que não quis amarrar É entrar no rio sem saber nadar Ou se afogar mesmo sabendo. Sabotar é puxar o fio vermelho das ideias do inimigo. É escrever um poema Que mata, mas que não lhe suicida. Juliana Sankofa 12/07/2018

NOVA VIÇOSA

A memória caminha sorrindo, ferindo os pés nos paralelepípedos afiados das ruas... tropeça em galinhas, observa as rodas dos homens que não fixam os olhos em seu rebolar. Esquecidas as feridas das pedras, a poeira das ruas de terra não desgruda de toda a memória. Os risos brincam de pique-esconde com as dores Cães e gatos caminham paralelamente na mesma rota. Se o sol não brilhar no céu, brilha intensamente nos olhos De quem ver beleza até no dia cinzento de domingo. A memória percorre o bairro Proseia com a esperança Carrega no colo a alegria Descansa sentada na calçada Escuta o canto da rosa, Sente o cheiro-gosto do café ... continua a caminhar. Passos de quem não sabe para onde vai ... mas se move sem pressa, dançante... colhe as histórias. Enquanto isto ... A senhora mais velha do bairro Nunca compreendeu o porquê da memória nunca envelhecer, Ofereceu-lhe um copo de àgua Olhou os pés sujos e machucados e nos lábios o lindo sorriso faz contraponto. Pergunta-lhe o nome: Memória de

AQUILOMBAR

Aquilombar não é se esconder é enfrentar juntos a cara pálida do poder Também é dançar para afastar a dor e honrar quem já se foi É forjar laços mais fortes que aço incorruptíveis pelos egoísmos ocidentais É escuta É falas armas que se usam sem misericórdias Aquilombar é despir de tudo que nos finda Recusar nutrir a inveja branca, é amparar o grito no mesmo instante que ele é dado Segurar as mãos até que a dor passe e o sorriso raie. É dialogar principalmente entre nós, para nós e sobre nós. Desfazer-nos dos nós que atam as esperanças. Aquilombar é erguer o punho, mas também abaixá-lo no abraço-Forte. Juliana Sankofa  * Escrito em 22/02/2021