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Mostrando postagens de outubro, 2015

MILITÂNCIA CIBERNÉTICA

No facebook grita e esbraveja os direitos da minoria Porém quando se desconecta exerce com fervor a hipocrisia Na rede é Paulo Freire, Beauvoir e até um Cristo Desconectado é o que convém sabe ser opressor também Discursos e Discursos de seres cibernéticos de línguas frenéticas e corpos inertes Lacrimogênio spray nos olhos Não lágrimas de vistas cansadas em frente ao computador É de gente que conhece o sabor e a dor De ter sempre que exigi o que é seu por direito e não por favor Os açoites não são  on line Wifi não lhe dá o embasamento para uma luta ou para uma vida Enquanto teclamos as nossas inconformidades Quem luta sente o caps lock da vala E o enter de seus sonhos que não são a prova de bala.                                                                 Juliana Costa 31/10/2015

LEOA

        Enquanto escrevo Me desmaterializo na noite As coisas que vivi revejo E há lembranças que são como o açoite Fazendo em minha alma uma eterna cicatriz Na palavra eu crio uma matriz Que renova meu axé, que firma os meus pés Enquanto escrevo nenhuma sentença eu aceito De alvo passo a atirador Metralhando concepções que me desconhecem como flor Meu jardim não será o jardim dos fundos Meu jardim quer ser colorido, jamais um jardim de neve. Enquanto escrevo as flores colho Algo em mim se ergue e a força surge, Minha leoa ruge.                                         Juliana Costa                                               09/03/15                       

PÁLPEBRAS CAÍDAS

É sono? É conformismo?   Ou é a morte?   São pálpebras caídas. São lembranças históricas que martirizam meus olhos, São pálpebras desertoras. Fizeram do negro um negro- desertor de sua pele Meus olhos andam a caminhar sobre a terra   E senhores do mundo querem que eu me curve Optei pelo delírio de ser quem sou ... Mesmo que estipule e legislem que quando sou cometo um erro Meus olhos estão pesados   Submissos eles choram. Em busca de um sonho,   Sonhei. Sonhei que meus olhos se fechavam quando queriam E minhas pálpebras nunca mais caíram.                             Juliana Costa 

POEMA INVISÍVEL

Faz anos que pratico a invisibilidade E por ser invisível muitos a todo momento esbarram em mim a sua visibilidade Ser invisível é ter grandes responsabilidades, sem tempos para medianidades Já que não se pode ser visto E falando em visto Visto camisa nenhuma Por isto vivo invisível e mesmo assim sentido o mundo Este mundo de tantos visíveis que odeia os invisíveis, sem motivo algum. Mas, convenhamos, irei me colocar em meu devido lugar de invisibilidade Não indagarei o indagável, não estabelecerei relações desumanas   Faço do céu invisível meu quadro negro, escreverei sobre a minha opacidade invisível Gritarei e só os ouvidos invisíveis poderão ouvir-me Chorarei nas fronhas do travesseiro e só minha lágrima será percebida no mundo visível E quem ver uma lágrima sem face, perceberá que há realmente algo no mundo além do que podemos ver Escrevo nas paredes dos prédios com tinta invisível E nenhuma luz especial poderá deixar transparecer o que e