POEMA INVISÍVEL



Faz anos que pratico a invisibilidade
E por ser invisível muitos a todo momento esbarram em mim a sua visibilidade
Ser invisível é ter grandes responsabilidades, sem tempos para medianidades
Já que não se pode ser visto

E falando em visto
Visto camisa nenhuma
Por isto vivo invisível e mesmo assim sentido o mundo
Este mundo de tantos visíveis que odeia os invisíveis, sem motivo algum.

Mas, convenhamos, irei me colocar em meu devido lugar de invisibilidade
Não indagarei o indagável, não estabelecerei relações desumanas
 Faço do céu invisível meu quadro negro, escreverei sobre a minha opacidade invisível

Gritarei e só os ouvidos invisíveis poderão ouvir-me
Chorarei nas fronhas do travesseiro e só minha lágrima será percebida no mundo visível
E quem ver uma lágrima sem face, perceberá que há realmente algo no mundo além do que podemos ver

Escrevo nas paredes dos prédios com tinta invisível
E nenhuma luz especial poderá deixar transparecer o que escrevi
Mesmo que está tinta seja meu sangue

Escrevo-me ... desconstruo-me e reconstruo-me
Sou meu próprio quebra-cabeça
E nem consigo montá-lo e desmontá-lo depressa.

Inivisibilidade, minha dignidade omitida.
Meu caráter ilusório
Meu mundo imaginário ...onde ninguém invisibiliza ninguém
Apenas vive.                            

                                      Juliana Costa 
                                               27/11/2014 

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