Pular para o conteúdo principal

Ei! ABAIXEM O FUZIL!



O governo sabe
que milhões de vida,
Negra ou indígena.
É ceifada por fazendeiros, policiais ou doutores
Estes que do poder  são  eternos  senhores.

Enquanto no sudeste o povo se mobiliza
Em   outras bandas   a mesma gente que grita, escraviza
“Fora Dilma”!  Não liberta e nem ressuscita
Criança indígena morta   não vira nem estatística
Pois vermelho também é a cor dos homicidas

População negra na Universidade é conquista
Pois se fosse política
Era nenhum negro na vala
Todos nas salas de aula

Enquanto no congresso
A gente acompanha o retrocesso
Nas aldeias e nas ruas das favelas
A cidadania pelo avesso
Enquanto sentimos na pele as governamentais mazelas
Daquele povo que vota
E do eleito omisso que devota

Em todas as eras as bocas que gritam
Abafam os gemidos
Dos verdadeiros oprimidos

Guarani Kaiowá 
Não tem direito a votar
Omissão dada, autorização para matar
E tanta gente tranquila militando no sofá

Eu quero é marchar
“Fora Dilma”! Isto nada irá solucionar
Se política no Brasil
É interesse individual, não verdadeira preocupação coletiva social
Gritem: Ei!  ABAIXEM O FUZIL!

E seja menos imbecil.

                                                             Juliana Costa  17/12/2015

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

AUTOSSABOTAGEM

É abafar o grito e forçar  um sorriso receptivo enquanto professa que somos todos iguais. É amarrar os próprios sonhos em uma âncora e lançá-los em profundo buraco. É ser visionário da desgraça Prever apenas os escombros do futuro e a dor É rasgar os próprios poemas, quebrar todos os lápis, queimar todas as folhas e explodir a caixa de energia de casa. Autossabotar É construir uma armadilha que captura apenas o interior É ter as próprias digitais no pescoço e ser a testemunha de acusação e o reú. É chorar e dizer que as lágrimas salgadas Não fazem arder as feridas É tropeçar no cadarço do sapato que não quis amarrar É entrar no rio sem saber nadar Ou se afogar mesmo sabendo. Sabotar é puxar o fio vermelho das ideias do inimigo. É escrever um poema Que mata, mas que não lhe suicida. Juliana Sankofa 12/07/2018

NOVA VIÇOSA

A memória caminha sorrindo, ferindo os pés nos paralelepípedos afiados das ruas... tropeça em galinhas, observa as rodas dos homens que não fixam os olhos em seu rebolar. Esquecidas as feridas das pedras, a poeira das ruas de terra não desgruda de toda a memória. Os risos brincam de pique-esconde com as dores Cães e gatos caminham paralelamente na mesma rota. Se o sol não brilhar no céu, brilha intensamente nos olhos De quem ver beleza até no dia cinzento de domingo. A memória percorre o bairro Proseia com a esperança Carrega no colo a alegria Descansa sentada na calçada Escuta o canto da rosa, Sente o cheiro-gosto do café ... continua a caminhar. Passos de quem não sabe para onde vai ... mas se move sem pressa, dançante... colhe as histórias. Enquanto isto ... A senhora mais velha do bairro Nunca compreendeu o porquê da memória nunca envelhecer, Ofereceu-lhe um copo de àgua Olhou os pés sujos e machucados e nos lábios o lindo sorriso faz contraponto. Pergunta-lhe o nome: Memória de

AQUILOMBAR

Aquilombar não é se esconder é enfrentar juntos a cara pálida do poder Também é dançar para afastar a dor e honrar quem já se foi É forjar laços mais fortes que aço incorruptíveis pelos egoísmos ocidentais É escuta É falas armas que se usam sem misericórdias Aquilombar é despir de tudo que nos finda Recusar nutrir a inveja branca, é amparar o grito no mesmo instante que ele é dado Segurar as mãos até que a dor passe e o sorriso raie. É dialogar principalmente entre nós, para nós e sobre nós. Desfazer-nos dos nós que atam as esperanças. Aquilombar é erguer o punho, mas também abaixá-lo no abraço-Forte. Juliana Sankofa  * Escrito em 22/02/2021