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TEMPOS “DO QUE CONVÉM”

 
 
O opressor louva a opressão
Servem Cristo, servem santos, louvam ditaduras
Na boca de quem lhes servem agraciam com ataduras

Querem impeachment, pois querem tudo
Doutrinadores do absurdo
Querem ver o povo mudo e surdo
Diante das falcatruas de quem ainda escraviza
Mas não importa o tempo, mão branca na pele negra não suaviza

Peito negro aberto
Sociedade metralhando a torto e a direita
E a esquerda nem esquenta
Com negro e pobre ensanguentado
Pois a discussão é sobre o político recalcado
E a presidenta Dilma vítima de injustiça, protegê-la todo mundo se anima
Enquanto ainda estamos em era de chacina.

Tempos de engajamento interessado
A luta do “que convém”
E para a maioria da nação um social desdém
08/12/2015 Juliana Costa

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AUTOSSABOTAGEM

É abafar o grito e forçar  um sorriso receptivo enquanto professa que somos todos iguais. É amarrar os próprios sonhos em uma âncora e lançá-los em profundo buraco. É ser visionário da desgraça Prever apenas os escombros do futuro e a dor É rasgar os próprios poemas, quebrar todos os lápis, queimar todas as folhas e explodir a caixa de energia de casa. Autossabotar É construir uma armadilha que captura apenas o interior É ter as próprias digitais no pescoço e ser a testemunha de acusação e o reú. É chorar e dizer que as lágrimas salgadas Não fazem arder as feridas É tropeçar no cadarço do sapato que não quis amarrar É entrar no rio sem saber nadar Ou se afogar mesmo sabendo. Sabotar é puxar o fio vermelho das ideias do inimigo. É escrever um poema Que mata, mas que não lhe suicida. Juliana Sankofa 12/07/2018
A Maré não está para peixe Nem pra preto O anzol é o Estado A bala também. Que passado é este  que não deixa de ser passado para nós? 
É preciso acariciar os pés de quem anda ao seu lado. A vida deixa sentimentos calejados quando não há reciprocidade. Uma caminhada sozinha e cheia de vozes, sem toques, parece miragem em deserto onde a lágrima ora é um oásis. Sede estranha, fome mais estranha ainda. Meus grãos de areia esbarram nos dos outros e assim se movimenta o tempo, peito-ampulheta. Eu aqui, escorada na caneta, pensando se minhas palavras fazem sentido. Pergunto-me: Por que me sinto sozinha enquanto olho nos pés tantas feridas. Juliana Sankofa Fonte da imagem: Pinterest (https://pin.it/2YPdQeh6I)