Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de janeiro, 2016

DISPAROS

      Quem dera se todos   os   disparos fossem do coração e que reinasse o respeito, mas do que a criminalização Se ver crime por motivos raciais Cometidos por policiais e ainda uma significativa parcela da população Acreditando que todo negro é malandro que a justiça é justa, mas ela é branca e discriminadamente  cega Para o negro que sem querer na morte escorrega Dissimulados são os discursos Que dizem que até de costas o negro reage  mas sabemos que fardada é a sacanagem Que mata e forja provas Que convence sem ser questionados  Que esticados no chão estão reles condenados Morto não fala É vontade social que todo negro vivesse neste silencio sepulcral Com medo de tudo até de corrupto policial Mas a verdade é que o silêncio É o tiro simbólico a queima roupa Dado por aqueles que a sua covardia ao negro não poupa Dizem que esta sociedade não tem racistas Verdade, são claramente um bando de fascistas Que leciona nas Escolas e na

CARNAVAL

Dizem que no carnaval Todo mundo é igual Na avenida Pessoas brancas vestidas de “índio “ ou “ nêga maluca” Dizendo que é homenagem Mas porquê fantasiar   de oprimidos?   Pois quem se fantasia não ouve sequer os tiros Não sente a alma amamentando-se enquanto morre Sangue que escorre Que denuncia que nem tudo é festa                                                     Juliana Costa 25/01/2016 

ESTADO NATURAL

Dedicado a Taynara Gomes. Não tenho nada contra o liso Mas mesmo assim eu aviso O Padrão que eu quero seguir É o meu nem adianta insistir, forçar ou persuadir A minha beleza é natural Meu crespo não é de outro mundo ou sobrenatural Recuso os processos de branqueamento Cremes e tratamentos para resolver o meu “problema”? Quilos de pó para corrigir minhas “imperfeições”? Não Não A minha beleza é esta: Cabelos crespos ao ar em ritmo de festa Pele em seu brilho cristalino O sorriso branquíssimo sem ideologias E o meu andar a luz do dia Sem me importar com o que digam Ou o que esperam Em mim, as minha raízes imperam. Juliana Costa 23/01/2016

APENAS DESOBEDECER

Não transformo água em vinho Não atravesso a pé nenhum mar Mas algo eu posso   afirmar: Que eu nunca quis ser santa. E talvez por isto me demonizam e isto me espanta Não tenho o poder das fúteis exigências Mas em  mim habita raras essências: Sorrir por sorrir Relacionar com Outro sem catequizá-lo as minhas vontades Vencer sem aproveitar das alheias fragilidades Não sou heroína de nenhuma sociedade, pois dos brancos são “os super poderes” Eu exerço o poder de apenas desobedecer quaisquer  coisas que buscam me submeter Quero é desobedecer Arrancando as linhas que sutilmente prendem a minha mente e  que  fazem  das ideias alheias as  minhas ideias ... Eu quero apenas desobedecer rejeitando curvar ao opressor e todos os conceitos que dita sobre o que eu posso alcançar                                                  Juliana Sankofa 21/01/2016 

ORDEM

Fornecem-nos a democracia dos murros: Em qualquer um o nosso rosto é violentamente posto. Esqueceram que também pagamos imposto Para sermos protegidos Ao invés de sermos tratados como foragidos Submetem-nos aos vexames públicos Estereotipam quem somos e de onde viemos Desconsideram a nossa cidadania Impondo em forma de “lei” a tirania Enquanto isto O playboyzinho bota fogo em índio “Mas não é crime, é distúrbio mental...” Eufemismos da branquíssima ordem social Querem controlar o “ nosso ir e o nosso voltar” Querem desculpas para profissionalmente nos metralhar E depois dizem que somos todos vagabundos e não gostamos de estudar E que nem gostamos de trabalhar E que as oportunidades não sabemos aproveitar Por isto sussurram baixinho que o melhor é executar... a ordem. Juliana Costa 20/01/2016

BOMBAS DE EFEITO MORAL

É impressionante como no Brasil Predominante é o discurso de moral De uma elite que considera a opressão algo natural  Só jogam as bombas de efeito moral Para sufocar as denúncias contra o poder estatal E para isto investem na força policial Alguns andam nas ruas com indignação Outros ainda não compreenderam qual é a motivação Brigam pelo aumento da tarifa Mas do que pelas milhares de vidas perdidas na cotidiana chacina Sentem-se lesados Quando sentem os seus bolsos perfurados Mas jamais quando vem os olhos alheios amargamente lagrimejados Pois não importa o preso da passagem Se muitos ainda não obtiveram as condições de passarem Pelas discriminatórias roletas sociais                                                                        Juliana Costa 15/01/2016

MAR DE OPRIMIDOS

              A história apresentou-me o mar português Onde corpos negros eram jogados E com eles cânticos eram esquecidos Lágrimas negras alimentaram este   mar burguês E o povo Luso de nossas peles quis ser eterno freguês Os tempos são outros, mas mesmo é o mar Para esta   terra cheia de povos Deu-se um descobridor Hoje bem nós já sabemos que era um puto de opressor Servindo a coroa Trazendo a desonra Fez dos índios seus cativos Quiseram substituir a fé que aqui já existia  Por uma que apenas oprimia  Queriam as indígenas almas  Do índio manipularam a   língua Deixando-os até hoje à míngua A Europa toda queria Desses   terras uma fatia Um baú de culturas surgiu Pelo estupro e pela dor Uma sociedade se pariu Ninguém mais acredita em sangue azul Mas negro ainda é dito como inferior Na sociedade   muitos pouco  a ele dão valor Pois branco é o lençol que cobre os corpos negros Fuzilados ideologicamente Por esta gente que quer

NEGRAS PRESENÇAS

Não sei se eu nasci para a luta Mas depois de levar tantos socos sociais Aprendi as palavras como artes marciais E aquele medo de nascença parou de me acompanhar O ventre oprimido que me protegia Sabia que eu era um grande enigma Por mim sonhava e temia Não desejava a mim nenhum estigma Mãe preta quer seus filhos Toda a existência em seu ventre protegidos Pois a sociedade os oferece a desgraça Pois NEGRO socialmente   é dito como a “pior raça” Balas para criança negra ainda não é guloseima É a injustiça   cheia de brancas sentenças Legitimadas pelos históricos sistemas Que diariamente buscam abortar as negras presenças                                                                                Juliana Costa 12/01/2015 

ESCOLA NÃO É ESMOLA

Quando luto por direitos Já não me olham como cidadão Pois os gritos dos oprimidos São vistos como eternos delitos É cassetete na mão Mentes se curvarão Quando a marca da violência   na pele Impedi que uma existência digna o Outro deseje Nossos   jovens não tem salvação Pois são enfrentados por   policiais em pelotão Estes que servem   ao Estado Que é mais 171  E não promove   igualdade a qualquer um Ainda teremos nas salas de aulas A vigente lei dos escravocratas Ministrando suas ideologias: Fruto de eras colonias: “Preto não pensa” “ Homossexualidade é abominável”; “ Mulher faz o que eu mandar”; “ pobre é vagabundo”.  Vixe, a opressão é a ideia mais velha do mundo.    Ah, mas o oprimido não poderá ficar mais mudo    Preste atenção, nossas palavras serão nosso poderoso escudo.   É por isto que nos tiram escolas  Que pinta de preto os sistemas prisionais  Nós  roubam o espírito Dizendo que só por ser somos   um delito. Esco

VOZ

Hoje a minha voz será ouvida Hoje o meu espírito será ouvido. Se esta ousadia me conduzir ao fim de minha tenra melodia Ainda sim será ouvida a minha voz,herança ao mundo.                                  Juliana Costa 28/Agosto/2012
A vida mudou de rumo Não adianta lutar para ser Se ser é uma ofensa ao mundo Desvirtuaram-me e beijaram a minha face. Não sou poetisa sou o inaceitável sou Flor Amarela despedaçada                                        Juliana Costa 2012 
Quando nasci não me anunciei, Apenas meus olhos enxergaram a luz violenta do mundo. Agora é um mundo que enxerga a luz que sai violentamente de mim. Quando cresci ensinaram-me o silêncio, e o silêncio me ensinou a reflexão, e a reflexão me ensinou versos versos de quem vive! Quando envelheci meus versos já não mais me comoviam as minhas reminiscências zombavam de mim Nunca fui poeta Nunca fui lirismo Quando morri fizeram de mim grande por um instante fizeram de mim esquecimento por uma eternidade                                                                 Juliana Costa 2012 

DESPERTAR

Acordo e vejo quem eu sou desespero-me por não ter sido aquilo que os ventos pregam:a liberdade Acordo percebo que a chuva já não tem mais sentido. Do meu ventre sai marginais sai inconfidentes Acordo esses pesadelos fazem parte de academias impondo frustrações de méritos inconcebíveis Acordo meus versos doando adeuses aos meus sentidos Mergulho no céu de Ismênia e percebo o mundo.                                                   Juliana Costa 2012 

ENSINO ABISMAL

Tingiram o céu de outra cor  Beberam da ilustre água e a poluíram mantiveram submissos a orquestra da desonra. atentos discípulos do conformismo! Forjaram pseudos saberes Crucificaram mais uma vez o bem e se fizeram deuses. Eu ,mais uma vez nesse mundo,choro versos desesperados de honra Meus olhos estão cinzas Meu coração está cinza Meus versos se encontram em tom cinza e negro.                            Juliana Costa 2012 

PORQUÊ?

Quero saber o porquê das coisas Porém,as coisas querem saber o porquê de mim Esses olhares que se tocam Forçam em inibir meus sonhos versos o por quê destes olhares? o por quê destes versos? Meu coração desregrado medita as palavras diariamente lançadas ao mundo Então,esta parte de mim que bate. pergunta-me por quê. por quê?por quê ? o ser se baseia em versos para viver sendo a morte o ultimo deles.                                       Juliana Costa 18/setembro/2012

ENGANO

Disseram-me que não sou poeta. Que minhas inspirações eram problemas psicológicos. A falta delas seria o quê? Sou ,portanto, um louco versificador Um homem que chora seus versos Sou um ser que engana Até mesmo o que é Sim, sou poeta ! Sim,sou poetisa! Não de versos apaziguadores. Pois ,até a paz eu ironizo; e por isso sofro dores de vitima de aborto,o abortado.                 Juliana Costa     18/setembro/2012 

FAZER DECRÉPITO

A poesia se firma nos firmamentos de hipocrisia que Deus,grande versificador, em nós lança todas as antíteses A poesia já foi cheia de sentimentos banhados em conhecimento. hoje se afoga nas falsas erudições demonstrando vãs corações A poesia, olhar decrépito, cria versos importantes que como os desimportanteas da mesma forma irão morrer                                               Juliana Costa 20/setembro/2012

INTRÍNSECO OLHAR

Não sei o que meu corpo pede; sou sei das coisas que ele esconde; Dentro de mim há escombros. Dor e lágrimas Fel e pensamentos grito silencioso Aroma de medos Em mim habita um monstro, bem vindo e idolatrado, que compõem versos . Sou a minha própria esfinge a esculpi no meu peito a minha história. Embora inacabada, oh! como dói !                                           Juliana Costa 21/setembro/2012
sei que seus olhos carregam o segredo do mundo e por isso não suportarei mas olhá-los Esse numem que carrega ba face me condenou ao exilio de meus pensamentos Quem derá ser liberta,pelo menos por um minuto,deste olhar sacrificial Sei que seus olhos andam compondo versos por aí E mesmo assim se faz nobre em meio a plebe E se faz plebe em meio a nobres. Ah! quem me dera não enxergar os teus olhos para por fim,enfim,a essa desgraçada poesia.                                               Juliana Costa 18/ outubro/2012 

EXISTÊNCIA

Talvez os dias sejam grãos de areia no universo, porém ,eu sinto,como se eu fosse menor que estes grãos de areia.                                                                       Juliana Costa  22/novembro/2012
Vadio Tempo porquê ousa me submeter? Chicoteá-me com suas horas; carrego a cruz de seus minutos e  suspiro instantaneamente minhas chagas. Não morro,me pouparei de ressuscitar no terceiro dia. Sou Barrabás a abraçar judas. Tempo que quer compor meus versos,por favor, decomponha-me ,harmoniosamente! e não me faça santa. Sou Negra,não Santa. Não faço milagres,faço versos!                                       Juliana Costa  15/ fevereiro/2013 

A BUSCA

                                                *primeiro poema em Viçosa- MG   Eu busco uma linguagem   capaz de decifrar-me diante do mundo, capaz de fazer-me bela diante de teus néscios olhos capaz de obscurecer as estrelas. Eu busco um código que abra o seu coração para a vida, que quebre o teu ego e expulse os seus medos Eu busco a tradição que crucifica, as seitas que dignificam hipocrítas eu busco o verbo Eu busco a essência das esparsas, a esculpir em pedras os mais infelizes versos Eu busco-me             Juliana Costa 18/ setembro/2012 
Abro mão de toda poesia E de toda a simpatia para compor uma melodia maior benevolente Que do mundo não me faça um reles ator Abro mão da poesia em prol da efervescência de minha ignorância diante as palavras sinto do verso uma fragrância que me descompõem em lagrimas Abro mão de todos os poetas porque eles cantam na alma Abrindo todas as portas Me fazendo escorregar na lama que minhas lágrimas fizeram                                                Juliana Costa  8/ maio/2013 

INSONIA ACADÊMICA

Nesta insônia da vida peço licença Não por educação não por respeito aos homens apenas por que me cansei E aos mestres inumanos envio um beijo venenosamente ironico Nesta noite de insônia reflito o mundo E dele apenas resisto vivendo                                                  Juliana Costa 17/Maio/ 2013 

SONETO III

Ainda que ande no vale das sombras e da morte, nenhum mal eu temerei,por que Deus está comigo A vida nos faz forte E não impõe seu castigo Ainda que eu ande no vale da sombra Declamarei meu grito E me farei poetiza em meio a penumbra E meu grande verso está na minha pele transcrito Ainda que eu caminhe no vale da sombra da morte meu olhar será forte,será minha sorte! meus lábios tocaram as cordas dos corações Ainda que eu caminhe no vale da sombra renegarei os falsos amigos,as falsas orações Mesmo assim sorrindo caminho no vale das sombras alheias                                 Juliana Costa 25/ maio/ 2013

PANAÓPTICO

Tantos olhos...Tantos segredos na vida moderna tudo é suspeito Sem fé não se escreve versos Meu coração negro bate fortemente no meu peito Vejo imagens no espelho do banheiro Não são minhas,foram me dadas. Não há flores e nem bom jardineiro a vida se constrói em um falso conto de fadas Sininho usa drogas Branca de Neve é racista Muito príncipe é machista E nem toda bruxa é má Privacidade é ilusão tenho tantos olhos na minha excomunhão cuspo os resquícios da costumeira ordem Não sou poeta,não escrevo,pela palavra tenho desdem Cadê os lutadores? Foram mortos a queima roupa e por eles ninguém chora Onde está o Amaurildo? ... Onde esta a verdade? ... Onde esta a triste pertubação de pensamentos? em mim em você? ... Quem sou eu? o tudo que não é nada A palavra negra escrita na noite A insônia.                         Juliana Costa 23/ agosto/2013

O NOVO CATIVO

Ter palavras é ter   poder E o poder não é para todos Enquanto doutores disseminam suas ideias Os pensamentos dos outros dos Outros escorrem pelas vielas O negro brigando entre si Para ver quem fica mais branco Enquanto o branco de direito não está nem aí Se bem pago, não tem problema Fingi militar mas é a favor do sistema  Lucra através de sutis   esquemas O pior tiro é dado pela mão negra  Não se sabe ao certo quem é opressor Mas sabemos que muitos fizeram nível superior E por ser doutor Suas palavras pesam mais E o grito periférico É abafado e omitido Assistem nossa desgraça andando de teleférico A podridão é branca Mas o corpo é negro A mão que me afaga é a mesma que me espanca.    Na busca do ativismo íntegro Encontra-se uma sociedade de perdidos Aplausos, estes são os novos cativos                                                                    Juliana Costa 04/01/2016

EU EM TERCEIRA PESSOA

Dedicar uma vida para limpar o pó branco das casas alheias Ouvir ainda que o serviço está mal feito De quem não espera de mim nada, gente que me ver como um defeito Cuidei de tantas crianças, enquanto as minhas iam para as covas ou cadeias Enxerguei por tanto tempo o brilho   da   louças de luxo Que só enxergo coisas, não enxergo palavras Escrevo anonimamente o meu nome no papel com mãos frouxas O lápis em minha mão parece um bruxo A escrever algo que   é meu e não é meu ao mesmo tempo Eu me escrevendo em terceira pessoa.                                                             Juliana Costa 02/01/2016