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DISPAROS




     
Quem dera se todos   os   disparos fossem do coração
e que reinasse o respeito, mas do que a criminalização
Se ver crime por motivos raciais
Cometidos por policiais
e ainda uma significativa parcela da população
Acreditando que todo negro é malandro
que a justiça é justa, mas ela é branca e discriminadamente  cega
Para o negro que sem querer na morte escorrega

Dissimulados são os discursos
Que dizem que até de costas o negro reage
 mas sabemos que fardada é a sacanagem
Que mata e forja provas
Que convence sem ser questionados
 Que esticados no chão estão reles condenados

Morto não fala
É vontade social que todo negro vivesse neste silencio sepulcral
Com medo de tudo até de corrupto policial
Mas a verdade é que o silêncio
É o tiro simbólico a queima roupa
Dado por aqueles que a sua covardia ao negro não poupa

Dizem que esta sociedade não tem racistas
Verdade, são claramente um bando de fascistas
Que leciona nas Escolas e nas Universidades
Frequentam as missas nos domingos
Que com naturalidade só sabem enxergar os seus umbigos
 Que produzem “verdades”
E discursos engajados

Enquanto alimentam os racistas cães do Estado. 
                                                            Juliana Costa 27/11/2016

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