Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de fevereiro, 2016

MADEMOISELLE HIPOCRISIA

Sociedade de abraços frouxos Sorrisos forçosos Gente de “carne e osso” que abandona o amor em escuro calabouço A boca é profundo poço que se esconde demônios e se perde a essência Mesmo assim pedem para o poeta ter paciência e jamais ver com os olhos nem dizer nada em versos que o mundo está perdendo a poesia O que se ver é a hipocrisia Esta senhora deste tempo que solicita a paz enquanto alimenta o capataz que quer capturar as vozes e amedrontar o grito de quem tem muito a dizer e não é ouvido. Juliana Costa 24/02/2016

SILÊNCIO

Ao E.I.V Consigo ler os silêncios com a perspicácia de quem ler o percurso dos rios. A vida a brincar conosco fazendo de nós mesmo um profundo poço em que jogamos palavras em forma de desejo Pois o mundo inteiro roda em nosso peito E o silêncio é uma faísca que promove indizíveis incêndios de indiferença comodismo e absoluta crença de que a vida só a nós pertence e o ego sempre vence quando não rompemos com todas as prisões manifestadas em oportunistas opiniões daqueles que inventam, mas do que vivenciam a única oportunidade que temos de ser positivamente humanos Saibam que meu silêncio é diferente Ele arrancará todos os dentes Daqueles que falsamente sorri r. Juliana Costa 22/02/2016

SER EXAGERADAMENTE O QUE SOMOS

A cada dia utilizo do sistema da meritocracia, enquanto muitos de nós ainda não conseguiram utilizar da democracia. A cada esquina se manifesta o racismo E nas universidades ele se manifesta junto com o cinismo. De quem acredita que não somos inteligentes o suficiente. Marcam em nós o rótulo de demente, enquanto servem do melhor da sociedade para seus filhos ou outro parente. Nossa autoestima É uma violência contra os brancos preceitos Que colocam diariamente em nossa mente a inferioridade como estigma Disfarçam seus preconceitos Mas nosso cabelo os assustam Nosso sorriso os constrangem Quando aprendemos em qualquer língua que o “amar a si próprio” também nos serve. e por isto somos exageradamente quem somos O meu mérito Não fica a seu critério Pois embora o corpo da minha gente colore o necrotério A sociedade para os seus crimes impõe o mistério Alimentado pela justiça em forma de min

PESO DA PELE

Que peso tem a cor da pele? Ela barra entradas Promove estereotipadas certezas Daquelas pessoas que se sentem social realezas A pele nos faz ser 24 horas vigiado 24h condenados Por algo que poderia ser feito E não foi. Que peso tem a cor da pele? A pigmentação se tornou critério de humanização Se sou negra alma não tenho? Mas para quê ter alma? Se o que importa na sociedade é ter branca carne. Que peso tem a cor da pele? Qualquer pele fica pesada quando metralhada Em meio a social cilada Que criminaliza Animaliza Descaracteriza O que somos.                                   Juliana Costa 13/02/2016 

ENTRE MARCHAS E MARCHINHAS

É necessário o grito Quando o silêncio nos afasta de nosso direito a humanidade Finge que nos ouve quando nossas palavras denunciam A crueldade desta nossa sociedade que negros e indígenas assassinam E no carnaval deles se fantasiam E ainda dizem que é só brincadeira Quando a realidade a estes ceifa Não adianta quem nos governe o sistema racista nos rege colocando definido tudo que não é branco como herege mutilando cidadanias nesta nação benzida pelas tiranias. Que cantemos as marchinhas Enquanto marcham diariamente os racistinhas Juliana Costa 09/02/2016

MEDO

A sociedade adora o medo e pensa que o medo educa quando de fato ele machuca o ser que o sente. O medo é uma forma de controle da mente. Propagadores do medo colonizaram, religiosamente estupraram e saquearam Seres e terras. Enfiando culturas em ideológicas crateras Porquê senti medo? se mais dolorosa é a covardia de quem silencia. No medo ou na coragem, não vivemos tempos de camaradagem. Sorrisos são como camuflagem de quem só nos ver como a criadagem. Já tememos o ferro sem saber que existia a ferrugem. Nem tudo que nos machuca será eterno, o medo é apenas um grande erro propagado por senhores de terno que duvidam da resistência e da coragem de quem aprendeu a dormir com medo E ainda ter para contar ao sol um segredo: NÃO DESISTIMOS. Juliana Costa 05/02/2016

APENAS UM SUSSURRO

Queria lançar um sussurro Entre a lágrima e o social murro... Tem muita gente que entra em uma militância pensando em si mais do que em nós Prezando a aparência, brasa da ganância A luta é toda hora tudo para que não enxerguemos apenas os lençóis que cobre a nossa ausência que alimenta a opressão, social doença. Queria lançar um sussurro que fizesse tremer o chão só para lembrar que temos que ficar com pés firmes Pois a luta é todo dia Mesmo que doa o coração mesmo que sintamos inúmeras fomes Quero lançar um sussurro que sangre seus ouvidos e que deixemos de ser oprimidos Um sussurro na terra um eco no céu Aliviando o meu Eu. Juliana Costa 04/02/2016

APENAS CINCO ANOS DE VIDA

Fico a pensar na minha idade real, 26 anos, sendo que 21 anos de minha vida passei não compreendendo o porquê de certas situações em que a minha pele sempre fazia a diferença quando as pessoas iriam se relacionar comigo. A calmaria da adolescência, o silêncio incômodo de quem da vida não sabia como participar mudou quando na universidade ingressei e conheci a violência dos pensamentos que diziam que meus ideais eram inferiores sem dizer por qual motivo eles eram. Tenho cinco anos de vida, 26 de inquietações. Neste cinco anos aprendi a amar mais os outros, aprendi a não engoli inquietações e muito menos sapos. E encontrei uma família maravilhosamente preta que embalou -me nas conversas que enriqueceram o meu modo de pensar as coisas. Tenho cinco anos de vida e o peso do mundo já me dói as costas, mas me dizem não se preocupe com o mundo, penso: como não me preocupar ? se ele está em constante interação comigo. Tenho cinco anos de vida e tenho que explicar para os &quo

LUTO

Brancura impondo moralidades e padrões na simbologia do ódio que sufocam milhões de corações Cuidemos dos nossos Cuidemos daqueles que uma sociedade inteira coloca a parte Cuidemos com abraços e não só com os olhos Cuidemos antes que seja tarde Luto, palavra que dói Quando sinto tristeza ou quando sou fortaleza. Luto contra as possibilidades de luto E mesmo assim escuto: Que somos vitimistas demais Que somos exagerados demais Enquanto eles são desumanos demais. Meu luto é branco Não fiquem com espanto Pois a morte jamais foi negra A tristeza não é preta Branca são as navalhas que ceifam Que fragilizam a nossa mente e espírito em nome de Deus ou santo manuscrito Luto e irei lutar mais Até que mude de cor as estatísticas 03/02/2016