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Mostrando postagens de março, 2016

ENROLANDO POESIA

                         À Geisa Ramos Ribeiro  É necessário bolar uma poesia Dessa vida que com nada rima Não sei quais profecias o vento inspira A palavra é meu incenso Jamais se tornou meu consenso A palavra enroladinha pronta para ser acessa Mas não é baseada em nada, é sentimento Pressentimento Lamento Profundamento A   minha mente Planta em minha alma sementes Que não sei quais árvores irão brotar   Mas sei Sem dizeres Que serão pretas e com luta eu irei regar                                                Juliana Costa  29/03/2016 

MILAGRE

                                      à Daiane Basílio  Tem gente que olha, mas não ver E quem ver desvenda os enigmas Que a vida traz em forma de pessoas Ou em forma de situações O mundo está perdendo as emoções E ver é amar, mas amar nunca foi só ver É senti, pressentir e até mesmo resistir Das coisas que nos impedem De ser a incógnita que somos Letra única de Deus Que escreve histórias Faz trajetória Vivendo com euforia Este imenso e único milagre: A VIDA                                   Juliana Costa 27/03/2016

FORÇA DA PALAVRA

                                                     Á Julia Cristina Costa A palavra nos libertará Pois como instrumento de luta ela será Exorcizará todos os medos Nos mostrará todos os segredos Que uma sociedade toda nos “ negou” E em nome de Jesus pregou Que devemos nos curvar E deixar para ele toda a justiça Enquanto muitos de nós pela policia Somos desencarnados Oprimidos e fuzilados Só pelo fato de existir E diariamente resistir Simbolicamente Verdadeiramente De todas as históricas correntes Enquanto para nós A gente de bem Mostra os dentes Mostramos de qual força somos descendentes: ÁFRICA.                        Juliana Costa 24/03/2016                 

DOSE NEGRA

                                            à Juliana Rosa , amiga e irmã. Uma dose negra na garganta só para começar o dia vamos parar de hipocrisia pois todo dia a resistência vem violenta como poesia                                                                                                        Juliana Costa 23/03/2016

TRÊS DIAS

Á todos que não ressuscitaram Foi a três dias A polícia no morro subia Não importava se era pessoa santa o cassetete comia a carne de quem a inocência já alegava sem saber qual crime cometia Foi a três dias levou o menino A mãe não o encontrava todo mundo dizia que foi a polícia mas a polícia dizia que todo mundo mentia Foi a três dias sangue na rua lágrimas nos olhos Rezas velas Nenhum menino ressuscitou Que Cristo não me apareça. Juliana Costa

BENZEDEIRA

                                               á benzedeira Dona Madalena de Nova Viçosa ( Viçosa- MG) É bom saber O que não conseguimos ver Tem gente que trama pelas costas Tem gente que desfere venenosas palavras Pois para si não encontra respostas E por isto deseja o ruim Para toda gente que sorrir Madalena, a benzedeira Ler a alma e seus conflitos E ensina que alma também tem que ser guerreira  Livra-nos dos aflitos Reza, pensa e aconselha Mesmo que o mundo seja uma peleja É necessário que amanhã os  nossos olhos floresça                             Juliana Costa 20/03/2015

GOLPE E GALOPES

A multidão andava na contramão atrapalhando o tráfego Com seus pés tímidos e olhares focados em relação ao público inimigo Aguardavam o grande golpe Enquanto nas aldeias e na periferia a gente corre a galope Pois vermelho lá é tristeza E o golpe veio Atravessou centenas de pessoas Atingiu em cheio a democracia Mas é bom pararmos com a hipocrisia Pois inúmeros golpes são dados Mas toda a sociedade deixam-os de lado E todo mundo anda esquecido do Curumin assassinado Do Amarildo “ desaparecido” Da Claudia gentilmente arrastada É Hora de refletimos a farsa Eu vejo golpes todos os dias. Juliana Costa 18/03/2016

DIFICULDADE EXISTENCIAL

Ultimamente estou com uma séria dificuldade de falar e de escrever tenho incessantemente procurado apenas ser sem palavras ou dizeres E ainda todo mundo fala que o silêncio e paciência são deveres das almas guiadas por Deus Enquanto morre os meus some de minha frente tais sabedorias eu vim ao mundo para zombar das hipocrisias E desconstruir-me exige palavras construir-me exige muitos sentidos marcado pelo silêncio foram minhas ancestrais que foram escravas Apenas sinto mais além o soar dos gritos dos destemidos Já não cabe em mim o rótulo de oprimido nem adianta topar minhas ideias com comprimido Eu superei o histórico gemido e ainda meu povo socialmente não se deu por vencido Juliana Costa 15/03/2016

LINDAMENTE PARTIDÁRIA

                   Na democracia Ou na tirania Morre índio e negro   todo dia Este é o país da corrupção E da cega devoção Nem todo mundo pode pisar o mesmo chão Pregam a meritocracia Enquanto louva a chacina Desgraça de pobre é respondida com “bom dia” País de duas posições E muitas ilusões É esquerda ou direita? A opressão sempre à espreita e lindamente  partidária 

OLHA PRA MIM

Jamais escreverei palavras negras elitizadas Eu vim do chão e de lá me erguerei renunciando a amnésia Cansei das palavras negras e escravizadas: Por academias Por livros Por reconhecimento. Jamais me considerarei negra Se o negro que me compõe não entrar na Universidade E parar de Sofrer com os donos da verdade Serei uma ovelha negra em um rebanho acinzentado em uma inteligível regra Não sou negra de vestes de linho Não sou negra da classe média ou burguesa Não sou negra de congressos Não sou negra poetisa de ventos Sou a negra favelada Sou a negra lá de baixo sinhá Negra Sou negra que não falou o inglês Alguém olha pra mim?                     Juliana Costa Março/2014 

TERRAS DE SABIÁS

Na terra que quis Cabral Tudo gira pelo capital e militante é bicho que se mata com pau De madrugada, longe do horário nobre nacional E os acadêmicos querem brincar de militantes Vai na comunidade diz que amigo Mas só entra nesta pensando em seu umbigo Enquanto morre os líderes A lepra branca toma conta Enquanto sozinhos indígenas e negros conhece a social afronta daquela gente de lattes que para a luta é tudo covarde Nesta terra que quis Cabral O sangue escorre da bandeira nacional Queremos discuti racismo, mas ninguém enxerga o cinismo De quem diz que tudo anda bem Mas não ouve os berros sufocados pelo desdém Dessa gente que finge que é do bem Não importa a aldeia Não importa em qual morro Sabe-se muito bem Que bala que mata vem de alguém mas noticiam que é um desconhecido o responsável por todo este genocídio Se somos nós que matamos, informa endereço e telefone Se são ricos e poderosos, se escondem de todas as formas o nome enquanto os cães das fazendas e das mansões roem