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Mostrando postagens de maio, 2016

EU LUTO COM LUTO

Eu luto contra qualquer tipo de afronta qualquer tipo de delito que provoca no outro um coração aflito Eu luto contra a sociedade que cheia de vaidade cria "moda" até com a crueldade. Eu luto renunciando o absurdo de quem nada mobilizou por Luana quem não foi as ruas, não enxergando mais este drama desta social trama que nos "ensina" a emitir o grito de acordo com o que a mídia noticia E enquanto isto lá no planalto vai se pensando o próximo passo para legalidade do assalto de nossos direitos Eu até tenho os meus defeitos chorando de vez enquanto ou quase nunca pois se eu chorar eu criarei um outro mar em que nenhum profeta poderá atravessar e que nenhum explorador poderá dantescamente navegar minhas lágrimas ambíguas são para estes sentimentos a míngua que nem mais nossos são. Sem solidariedade na comoção sem estender igualitariamente

COM CLASSE

A violência fardada na favela sobe "Sem cultura" é o que se houve sobre lá Mas insistem em falar que falta pro povo é Bach Quem quer ouvi Debussy se o que mexe com os sentidos são os tiros do fuzil? Para que ouvir Mozart ou Beethoven Se na sociedade reina o desdém de quem tem para com quem não tem Quem quer Chopin quando se vive o estopim e os traumas sem divã? Quem quer diga-me bem, que quer Liszt se há direitos há tempos por um triz? Desconhecer Schumann não é nada demais O fino mesmo é dizer um "tanto faz" quando é você o social capataz.  Juliana Costa 24/05/2016 JF

POETA – GUERRILHEIRO

                                                Quer me ensinar Ou me catequizar Doutrinar, Inferiorizar? Quer me ensinar Ou quer me intimidar Com suas palavras difíceis que não dizem nada Com cada ideia em forma de cilada Com discursinho de pseudoeducador Como se palavras fossem velas- ladainhas de ditador? Quer me ensinar sem me ouvir Não sabe o que reina sobre mim Não queira o meu Ori descobrir Algo dentro de mim não tem fim: A alma negligenciada pelos “ descobridores” Palavras cheias de tremores Quer me ensinar Mas não sabe o que é um poeta- guerrilheiro Tá acostumada com poesia de europeu cavalheiro Minha poesia aponta Acerta, eu e você, a queima- roupa. Sangue preto escorrendo Caneta estourada Ou alma perfurada?                        Juliana Costa 23/05/2016 JF 

SACERDOTISA NEGRA

* Dedico, mas a quem não digo. Não sou poetisa Sou é terrorista Escrevo renunciando o lamento Transformando em riso o tormento Abraçando-me com ideias por um momento Não sou poetisa Nem poderia ser Nunca escrevi para instruir ou agradar Apenas preciso falar Aprendendo assim a destruir Todo este veneno transparente Que surge contaminando a minha mente: Ideologias ... Apologias ... Hipocrisias... Não sou poetisa. Das palavras sou negra sacerdotisa; Meu cabelo crespo avisa Que de egos eu tenho ojeriza Sou o enigma preto do seu universo branco Flor que nasce no barranco Que supera o espanto E meu sangue banto Afronta a violência histórica Que faz percorrer confrontos em minhas veias. Juliana Costa 20/05/2016

ECO DO MAR

Conheci os mares e eles não era só salgados Não pude sentar em chão macio de areia para observá-los Ondas vozeavam sentimentos metros de vida a tragar-me para a alteridade E muito mais para a verdadeira sororidade Conheci o meu mar como me doeu Algo de novo deixou meus pés molhados Meus nervos trêmulos pelo frio- quente que emanava das águas Mares se tocando na ilusão de não existir terra desaguando em cratera juntamente com mil ideias não concretizadas com mil palavras silenciadas Ai, como dói meu mar Vivo a eterna ânsia de saber destes encontros de mares quais águas são minhas? minha palavra reside o mar ecoa mares. Juliana Costa 16/05/2016

OTHER DREAM

Dedicado a A.B. G, para outros Bia. Também sou composta de abismo E com muitas coisas eu cismo Abomino qualquer cinismo Que faz com que pensemos Que jamais morremos E por isto como Deuses fantasiemos Sei que em todo mundo convergem vários mundos Várias dores, próprias catástrofes Mas eu coloco em estrofes : não quero ser escrava de nenhum Outro E nem que o Outro viva a me servir Eu preciso diariamente insistir Comigo mesma que somos humanos E não coisas guardadas na gaveta das gentes "importante" Eu preciso distinguir o instante Que fará de mim ser distante Eu penso o mundo com olhos sem medo Por isto a todos eu digo um segredo: I HAVE OTHER DREAM Juliana Costa 11/05/2016

DICIONÁRIO DE FURACÕES

                     À Raissa Rosa. É tempo de vendaval Feche o peito Que pela janela vem o vento Que criará furacões dentro de nós A palavra oferecida em anzóis Só fortalece aquela história De que peixe morre pela boca Com esta palavra comestível se engasga Pois a palavra estava crua e sem sentido Enquanto isto no peito Os furacões fazem suas cirandas Para saber qual palavra Alimentará suas tormentas E cada ser cheio de turbilhões Efervescentes emoções De compreender que a vida é cheia de lições Que não encontraremos dicionários de furacões Que a calmaria vem aliviando sensações Mais ainda lateja em nós os rastros anônimos Das coisas que nos tiram os ânimos.                                               Juliana Costa, 04/ 05/2016.JF

IMPLOSÃO

Está tudo muito confuso e as palavras eu uso não como abuso e sim para deixar meu pensamento difuso tem mestre que não ensina tem doutor que não cura tem gente que não sente tudo se insinua todo mundo se atura ninguém se desmente Estudar para quê? Se temos inúmeras regras do "bom" proceder E minha mão que nem sabe ler e escrever ensina-me mais como é o certo viver mesmo que a sociedade ensine o retroceder eu só sei desobedecer não só leio só não escrevo cada palava explode e na minha mente algo eclode indescritível, indizível, invisível Aí abro a boca sai com profusão o meu jeito de ser Juliana Costa 02/05/2016 JF

SÍNDROME DE SINHÁ

                                             À doutoras - sinhás Pensa que tudo que é negro a si tem que se curvar Seu pensar ergue ao seu ego um altar Jura que o lindo é tudo que é alvo e fino Sobre a pele negra quis ditar o destino Mas para o seu desatino Primeiro a noite se rebelou contra as estrelas E nossa trajetória foi de lutas e sequelas As herdeiras de sinhá Hoje convivem com as herdeiras daquelas mulheres que foram   escravizadas Frequentam o mesmo espaço Embora o negro provoque ainda espasmo Nada irá aprisionar nosso entusiasmo De honrar quem por nós lutou De lembrar de quem por nós morreu E saber que nossa mente o véu branco não dominou Algumas mulheres   brancas tem síndrome de sinhá Todo o direito do negro pensa que extinguirá E de tudo para isto fará Lecionam em universidade Creem únicas entendedoras Da Arte e do dizer Mas infelizmente é claro o que podemos ver Que doutoramente se fazem opressoras E de terríveis sintom