Gênese poética

com punhos para o alto
e brigando sem descer do salto.
De cabeça erguida
a vida prossegue
São inúmeras as tentativas de despoetizarem-me :
Silenciar
humilhar
inferiorizar
Tanta gente esperando a vez de ser o capataz
Neste cotidiano que certas mulheres ´pensam ser sinhás
E certos homens dos nossos corpos querem ser sinhôres
Enquanto ao morro sobe a dor
eu vejo o discurso de paz do doutor
que ensinar o concordar
mesmo quando crianças pretas nunca mais nas ruas irão brincar
pois no pique- esconde sempre surge um fardado
que fará eternamente que fechemos os olhos.
Fim de brincadeira
e mesmo assim a minha poesia surgiu
Com punhos para o alto
e brigando sem descer do salto
conquistando os espaços
que não querem que eu esteja
A minha poesia nunca foi branca
nem branda
nem rima flores com dores
rima voz com algoz
luta com mudança de conduta
A minha poesia grita,
ironiza,
insinua.
Não atura
versos brancos
que só desdizem
nossa humanidade,
beleza e inteligência.
Quando veem um o negro
jamais veem um escritor
Quando uma negra diz que rima
ouvem faxina
o nosso problema não é o racismo
é de visão e audição?
Não se preocupem eu sou um milagre
que fará com que vejam
que fará com que ouçam
De punhos para ao alto eu sou a luta.
Juliana Costa 03/08/2016 JF
Comentários
Postar um comentário
Por favor, todo comentário é válido desde que feito com respeito.