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Mostrando postagens de setembro, 2016

A SOBERANIA DA ROSA

                 À Juliana Rosa, irmã amada. Não deixe que o sistema lhe derrube.  Não desista, o mundo também é um direito seu.  Não machuque os pulsos pelas tantas lutas que temos que travar  Não envenenem-se, cada angustia tem um gosto amargo na alma.  Não deixe o coração ser envolto por uma amálgama  Nem deixe ir embora o seu Ori  Não chore a não ser para criar tsunamis em condomínios fechados  Não grite a não ser para estourar os tímpanos de quem intimida a nossa voz.  Encho-lhes de “nãos”  Pois quero ver viva em seus olhos aquela menina preta que ciranda no meio a chuva  Quero ouvir de longe o seu sorriso arteiro e despreocupado  Quero lhe a princesa que eu sei que é  Cantando para o mundo quem é você  Gritando para o mundo o que não é  Sussurrando baixinho os versos que só você entende.  Nem toda princesa  Nasceu em castelos  Eu vi uma no morro com coroa na cabeça  Potência na voz  Rotina exausta  Tristezas que a rodeando  Ma

PENSA - DOR

Dói! E não sei se dói para todo mundo A dor sempre começa assim: Primeiro uma ideia Depois milhões E um turbilhão de imagens, minhas e nossas. Pensar dói, mas já estamos tão acostumados com a dor que ousarei pensar com mais intensidade Até que a dor passe. Pois isto é ser pensa- dor Juliana Costa 08/09/2016 JF 

HORA CERTA

Está na hora de desescrever. De lembrar que o lápis é preto, as letras são negras e o poeta não é apenas branco. Está na hora de desaprender. o modo de pensar com traços finos e pele pálida; Desaprender a histórica timidez em não se pronuncia; Erguer a cabeça, olhar nos olhos e não para os pés. Está na hora da paz. Paz no céu, Paz na favela. Só não haverá paz para nenhum capataz. Por mais instruído que seja, pois cabeças irão rolar, enquanto leem livros. Está na hora do grito destemido  de que não teme nada. Temer é a pior cilada Independentemente de quem governa. Juliana Costa  06/09/2016 JF 

SWEET STREETS OR SWEET HOME?

Não posso ir às ruas Porque a democracia sempre foi branca Embora fossem pretas algumas migalhas de políticas Não tenho coragem de ir às ruas Quando alguns levam cassetetes de vez enquanto Nós levamos é todo dia Não posso ir às ruas Pois “ um preto é sempre um preto” A voz social disto nunca me fez esquecer E quando tudo efervescer serão as mesmas caras no muro, Serão sempre os mesmos a aguentar murros, a legalização dos punhos e a  desaparecer por jamais obedecer Não tenho coragem de ir às ruas Porque a multidão me  assusta mais do que o opressor A multidão  instantânea da  dor a experimentar de vez enquanto o dissabor do poder Não posso ir às ruas Porque ainda procuro o Amarildo, Porque ainda estou chorando por Cláudia Porque ainda estou limpando o sangue desgovernado que cai lá do norte e que o sul/ sudeste finge não ver pois são as crianças dos outros a morrer Não posso ir às ruas E nem quero ir mas  surge o imenso chá com torradas Que se

VIDA INÚMERICA

A matemática não é das boas, os cálculos não batem, mas as perdas sempre. Mas foram 111 tiros em cinco corpos negros. Foram 61 homens brancos 54.501.118 votos tirados Incontáveis foram as chacinas Incontáveis foram as injustiças Embora fosse 111 tiros Foram mais de cem números de absolvições Será que estamos perdendo a visão? Juliana Costa JF 01/09/2016