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Mostrando postagens de outubro, 2016

OUSE E OUÇA

Ouse Ouça Não são os trilhos brancos que fazem o trem andar Ensinaram-nos a equilibrar nestes trilhos, enquanto uma multidão animada espera nossa queda, porém diante do público a gente sorrir, cabeça erguida, equilibramos em trilhos que eles não podem ver. Ouse Ouça Desanimar pra quê? A coragem é uma onça preta em meio a neve, uma neve que nunca tinha visto, mas que apesar do frio, a onça não deixa de ser preta Sinta-se Verá que é cheio de sentidos; de força; de fé. E nossa fé não moverá montanhas moverá algo maior, ideias. E quando as ideias se moverem, sem jamais chegarmos a uma ideia fixa, perceberemos que o nosso corpo se decompõe, mas nossas ideias não. Juliana Costa 29/10/2016 JF/MG

QUILOMBO DE IDEIAS

                                            À Cristiane Brasileiro, de uma ideia para outra. A minha ideia nasceu, foi capturada e escravizada por aqueles que me inferiorizavam. Uma ideia presa é uma ideia morta, minha ideia fugiu, encontrou outras ideias, formou um quilombo. E o mundo quis destruí-lo, mas o quilombo resiste, o quilombo é a prova de balas. A minha ideia juntou com a sua e com muitas outras ideias formou um exército de ideias que se completavam e que promoviam inúmeras reflexões até que deixe  de ser branca a única ideia aceitável. Todo dia em tantas esquinas uma ideia esbarra com a outra E há aqueles que pensam que a minha ideia é um morro a ser pacificado ou que nela não há alma A minha ideia escreve... nos muros do sistema as palavras que não querem ouvir. Juliana Costa 26/10/2016 JF/MG

NINGUÉM CONHECE O POVO

O povo está adormecido? Não, o povo tá aí todos os dias na rua Buscando a sobrevivência Diante da eloquência daqueles que tem tempo de ir às ruas O povo não vai as ruas Porque há horário a cumprir Caso o patrão libere, há muito roupa para estender Pois o povo trabalha 24h por dia E ainda aguenta a palavra brusca de quem se acha sempre na melhor O povo não adormeceu, finge de adormecido. Até que não consegue mais desfingir O povo é um poeta Que não entra na academia E nem sequer deita na grama da universidade. A opressão é um camarada estudado Que se acha melhor do que o povo. A opressão é uma patroa Que não permite que ele use o mesmo copo ou coma a mesma comida A opressão é um professor Que preza muito mais o silêncio Cadavérico de quem é ensinado Do que a agitação das ideias O povo está sem aldeia E tem suas crianças mutiladas pelos que cortam suas árvores E que move a economia nacional. O importante é um móvel legitimo de madeira Feita pela fa

NÃO NASCI BRASILEIRA

Não nasci Brasileira, nasci Negra. Com cabelos crespos rebelados que nos conflitos diários foram domados, até que se livraram do ferro que alisava mas jamais acariciou. Não nasci, fui concebida a imagem e semelhança dos anônimos. Nunca compreendi, a indiferença; os risos; a violência de quem queria me provar que eu não era  bonita ou muito menos inteligente. Nunca compreendi porquê no espelho se ocultava a minha face? porquê que eu pronunciava apenas o silêncio? Acostumei em me sentir inferior. Mesmo quando  eu sabia  a resposta da pergunta da professora, jamais respondi. tinha medo de errar... e a todo momento eu sentia que errava errava até o modo de respirar.... Não nasci Brasileira, nem muito menos afro-brasileira. Nasci  olhando para o branco depois acostumando com tudo virei devota do absurdo, entendi que policial criminoso ensinava preto a ser surdo e também cego e também morto.... Não nasci Brasileira; nem pesquisadora; nem professora;

APENAS DUAS MULHERES

                         Dedicado a P.A Duas  Mulheres desenhando o mundo surge um impasse que cor será o céu? Uma quis que ele fosse negro a outra que fosse plena claridade Durante o diálogo para resolver tal situação era desenhado o oceano, rios e poças nas ruas se desenhava jabuticava, melão, uva e jaca No consenso Surgiu o dia e a noite o dia cheio de sombras das árvores a noite reluzente de estrelas brancas Quando era necessário o dia visitava a noite ou a noite visitava o dia No encontro, um eclipse Será um confronto ou um abraço? O que será que tanto conversam? Juliana Costa 07/10/2016 JF

NOVO FERRO

Não tenho culpa tenho luta Não tenho rancor tenho dor, aí que dor! Não tenho e por não ter se acostuma a me dá dissabores, egos senhores? Um ferro novo e invisível marca minha pele, brancas ideias. que inferiorizam cheias de normalidades sutilezas prestezas e invisibilidades. Juliana Costa 06/07/2016 JF

PAZ

A branca pomba voa magnífica entre as balas perdidas no céu preto Voa majestosa e burguesa sem conseguir ver o chão repleto de estrelinhas pretas das periferias nacionais A branca pomba esplendorosa se comovia com os conflitos pousou no ombro largo do algoz foi sentenciada a ser mais branca do que pomba Juliana Costa 04/10/2016