LENDO O DILÚVIO

Que dilúvio é este que cai da noite?
São Pedro, por favor, faça parar
Xangô, Kao Kabiesilê, não deixa na dor ninguém perecer
A pobreza anda nos becos
a serviço de quem tem poder para mandar.
A justiça e seu alto escalão
Pensa que todo preto e pobre é ladrão, na escuridão tudo é alvo
Nada é humano, tudo tem  a mesma justificativa
“ É mais um bandido que podia matar um  pai de família”

A dúvida se transforma em certeza
quando o racismo anda fardado.

Que dilúvio é este que cai da noite?
É tanta água
A dor em forma líquida  e as tantas mães que rezam,
Enquanto o público  sempre condena:
“ Se criasse direito, não teria morrido”
“ Se tivesse dado educação, não estaria enterrando filho”
E os filhos que matam outros filhos
Chamam de heróis da nação
Uma nação branca de ideias
E coloridas nas ruas

Que dilúvio é este que cai da noite?
Cobre a favela e ninguém ver.
Eu aqui lendo o dilúvio 
como se ele brotasse de mim

Juliana Costa
12/12/2016 JF /MG

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