O MUNDO ATÉ O OSSO

Tive um encontro infeliz
com o senhor silêncio
Não conseguir fugir
fui penetrada
com uma violência histórica que todos negam.
Estou ferida,
mas não estou morta

O senhor silêncio
colocou em minha boca
uma máscara
não me era permitido um sussurro.
A palavra sufocada
não produzia revolução
Considerava a minha mente sua plantação
Aquele branco senhor
não manifestava nenhuma dó

Não sei por quando tempo
Não sei quantos serão os estragos
que o silêncio me fará
Para quem está acostumado a falar
o silêncio é um senhor bom

Estarei vivendo
com alma inquieta
remoendo os dizeres adulterados .
Já cansei de gritar,
não adianta
todos os ouvidos estão tampados
pelos interesses individuais
Todos os olhos estão cegos, olhos branco...
que mesmo quando ver
agem como que nada vissem

Meu corpo foi transformado em um porão
Onde que tenho que está contida
a espera de uma nova era
em que pessoas negras
sejam de fato ouvidas
ao invés de serem mortas
de todas as formas
com todos estes tiros
simbólicos e reais
disparados por tantas mãos
que fica difícil  identificar o culpado.

De todas as formas somos mortos
São vários os nossos algozes: Professores,
governantes ou religiosos
Dentro das salas de aulas ou nas ruas
Não importa o horário
24h por dias somos alvos.
Para mim é quase natural
sentir o mundo até o osso.

Juliana Sankofa
31/12/2016  JF/MG

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