PERFORMANCE POÉTICA EM CURITIBA-PR
APANHO
Apanho todos os dias
Não é um apanhar de flores
De pão
De roupas apenas
Apanho todos os dias
Apanho, pois minha classe é destinada a apanhar.
Cristo nos ensina: se baterem em uma face, vire a outra.
Creio que Cristo aconselhou os oprimidos
E estes como bons cristãos serviram-se do conselho
eu também
Apanho nos dois lados de minha cara... diariamente.
Apanho, doutor
Apanho sim
Tudo que não querem e que eu não posso comprar
Eu apanho
Pois comida nenhuma é desperdiçada
por quem tem fome
Apanho, sim, professor
Apanho por não querer ver tudo que vem de meu povo
como o errado
Apanho madame
Recebo spray nos olhos
Por isto fico a chorar de dor... de raiva...
De preocupação
querem dominar meu coração
colocar meus sentimentos em senzalas.
Apanho
Apanho um porrete e não corro do combate
chega de apanhar, se já não tenho mais medo da morte
preciso ser forte
Pois senão os senhores me levam para o abate.
Juliana Costa In Cadernos Negros 37 (2014)
Muito forte! Conheci ela pessoalmente, um ser humano lindo e que toca as pessoas!
ResponderExcluirImpossível não se arrepiar.
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