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Mostrando postagens de janeiro, 2017

À PAZ

A paz lacra tantas bocas com ferro em brasa que me faz necessário um bom combate pra ser livre dos mandos e desmandos dessa paz que nunca reconheci que por muitos anos permitiu dormir todos os senhores, seus herdeiros, coronéis, A paz cheia de silenciamento fez da dor uma oração feita a alguém que a sociedade considera seu feitor A paz quem dera fosse preta quem dera pudesse compreender que cedo ou tarde nos  cansaríamos  de tudo tomando de volta a alma que nos roubaram Recuperando o que foi esquecido denunciando a paz a qual fomos convencidos de que  nosso silêncio a ressuscitaria. e graças a ela teríamos a liberdade de ser sem ser pela dor. De ser sem precisar sussurrar pensamentos, poder pronunciar, prenunciar o que vivemos Juliana Costa 28/01/2017 JF/MG
à Cláudia, não a arrastada. Minha palavra rasga o que tem que rasgar costura o que tem que costurar minha palavra menina cabelos crespos ousada e impulsiva  grita sorrindo por respeito por amor por possibilidades Minha palavra antes perdia permissão e há aqueles que ainda pensam que ela tem por obrigação que pedir Porquê ? Minha palavra é livre não venha com máscaras de flandres e alvos egos A minha palavra atira na cara do sistema mesmo sendo tão novinha. Minha palavra surge formando roda com palavra chamando quem quiser vir para ginga ela nunca foi melhor ou pior que ninguém Já enfrentou as naus que queriam abrigar seus sentidos Já se fez compreender através do detalhe do olhar e do silêncio. Minha palavra você já conhece? Se não, venha para prosa coarei o café enquanto escrevo as linhas que não quer ler Pois minha palavra se recusou a dá incessantes voltas no Baobá Em sentido anti- horário ela dá volta em meu corpo para m

YAMÁ E OS DOMANOVISKIS

Aprendeu com a mãe a colocar uma vela acessa em um lugar mais alto que ela, juntamente com o um copo d’água, assim alinhava a ordem dos pensamentos, sentia novamente a paz quando a mesma era dela roubada. A vida exigia dela tranquilidade, todos podiam ter o seu momento de ira, de impulsos, mas aprendeu que ela não poderia, um simples questionamento já era lido como um ato violento, a mãe também ensinou a abstrair as ofensas, pois assim Cristo fez e ensinou. Por obrigação a isto atendia, quando emergia no mundo dos brancos perdiam o sorriso, o brilho nos olhos, desligava a humanidade, pois a patroa não gostava, pois acreditava que era dá intimidade para quem não era da família. Aprendeu a ser mais um objeto da casa, mas um objeto que se tinha vergonha de mostrar. Trabalhava a seis anos naquela casa, a dois iniciou a universidade. Nesta ocasião, para  patroa havia pedido permissão para estudar, mas no início a mulher não cedia, iria demiti-la, mas a moça necessitava do emprego para ajud

OLHO POR DENTE

Responde -se ódio com amor?   Ilógico, pois o ódio nunca compreenderia o amor. Responde-se falsidade com sinceridade?  Sinceramente, a falsidade nunca se preocupou com a verdade, mesmo que ela seja dita através da sinceridade. Se é olho por olho Eu não sei Se há tanta gente cega Que te nada vale o olhar Que por nada se pode trocar Se é dente por dente Não posso opinar Tem gente mordendo a toa Tem gente que perdeu o sorriso Que mais vale um dente por um olho Do um olho por um dente. Responder a morte com a vida?  Esta para mim tem a mais difícil resposta Nem consigo formular uma plausível Já que não sei distingui na sociedade O que está vivo e o que está morto Já vi tanto mortos discursarem Suas verdades inválidas para quem ainda respira justamente a existência Como já vi tanto vivos em silêncio tumular Me parece confuso a perda do sobro de vida com a perda da palavra. Juliana Costa 25/01/2017 JF/MG 

PARTO ACADÊMICO

Acabei de pari, acharam que eu seria mais uma Bertoleza, mas nasceu pesando 30 páginas, teve que ser de cesariana, os "pais" foram muitos, tanto mulheres como homens e de diferentes tonalidade de pele. Já nasceu amaldiçoada a menina, falando pelos ventos, desconstruindo a semântica, mexendo nas certezas, irão querer assassina-la quando virar um ser público. Estou lutando pela sua guarda, participarei de uma audiência talvez em março, serei a advogada no meu próprio caso. Ah! faz-se necessário dizer das complicações da gravidez, haviam aquelas que queriam que a minha menina morresse na barriga pois não acreditavam na minha capacidade de gestar, haviam aqueles que juntamente com aquelas acreditavam que minha menina iria nascer acéfala. Minha menina nasceu, estou tomando os primeiros cuidados, quem sabe ela conquiste a simpatia acadêmica. Enquanto ainda desconheço o futuro, entre xícaras e xícaras de café, vou alimentando a menina para que cresça forte, mas jamais definida.

BRANCO DE ALMA NEGRA

Nasceu em uma família cujo nome já se sabe a procedência, sua tataravó, Dona Inácia era o diabo em pele branca arrancava os dentes das pretas escravas como quem não fazia valer a missa que ia aos domingos. Seu Tataravó, Dom Tavares era um senhor de respeito na comunidade da província, o terror nas senzalas, onde que quase religiosamente ia tirar nas meninas pretinhas a sua cura da doença sexual que tinha, nada melhor do que virgens, violentava-as como se já tivessem tudo desenvolvido em seu interior, porém muitas sucumbiam a brutalidade, outras perdiam a capacidade de falar e outras choravam por dias, até que Dona Inácia não aguentando mais o chororô as colocavam no tronco enquanto as sobrinhas e filhas de Inácia brincavam com suas lindas bonecas loiras. Apesar de ter nascido nesta família, algo de novo foi descobrido quando alcançou a idade da consciência das coisas. Miguel aos 14 anos começou a dizer-se negro, para a tristeza de seus familiares que como herança familiar recebera

DESENTERRADO VIVO

Tantas coisas nos soterram ainda vivos Mas mulher, crave suas  unhas no chão mesmo que você esteja abaixo dele e comece a fazer brotar da terra a mais bela semente que um dia quiseram que não fosse germinada Embora nos reguem com dor nossa raiz ainda é fecundada na esperança Apesar de ser histórica a violência Temos como herança o resistir Mesmo engatinhando quando feridos Engatilhamos tudo que nos fortalece: E boom, cai por terra tudo aquilo que buscaram nos enfiar goela abaixo. Ainda se faz necessário sermos desenterrados vivos. Juliana Costa 08/01/2017 JF/MG

CALMANTE AOS AMANTES

Na hora do estresse é só lembrar de um verso que rasgue o sujeito no meio, mas tem que ser  verso tão forte  que provoque uma fratura exposta na altura do cérebro: Uma ideia. Se não tiver nisto um doce calmante  Saia pelas ruas  lançando livros a queima roupa de todos que são seus amantes. Juliana Costa JF/MG 

QUAL A DIFERENÇA DA CHACINA DE CONDOMÍNIO E DA FAVELA?

Qual a diferença da chacina de condomínio e da favela? Na primeira tem-se a certeza De que as vítimas eram inocentes, Na segunda se colocam em cheque a índole E permanece uma dúvida Que contamina o público: Eram vítimas ou eram bandidos? Qual a diferença Da chacina de condomínio e da favela? Os dois tem manchete, mas o discurso é diferente A gente até consegue se doer mais por um do que por outro Qual a diferença da chacina de condomínio e da favela? Nenhuma Desde de quanto que crueldade tem cor E a morte se faz de polícia.?  Qual a diferença da chacina de condomínio e da favela? Se você não ver a diferença é porque é homem de bem, mas eu vejo a diferença todos os dias, embora eu chore igualmente.  Juliana Costa JF/MG 02/01/2017