Pular para o conteúdo principal


à Cláudia, não a arrastada.




Minha palavra rasga o que tem que rasgar
costura o que tem que costurar
minha palavra menina
cabelos crespos
ousada e impulsiva 
grita sorrindo
por respeito
por amor
por possibilidades



Minha palavra antes perdia permissão
e há aqueles que ainda pensam que ela tem por obrigação que pedir
Porquê ?
Minha palavra é livre
não venha com máscaras de flandres
e alvos egos
A minha palavra atira
na cara do sistema
mesmo sendo tão novinha.



Minha palavra surge formando roda com palavra
chamando quem quiser vir para ginga
ela nunca foi melhor ou pior que ninguém
Já enfrentou as naus
que queriam abrigar seus sentidos
Já se fez compreender através do detalhe
do olhar e do silêncio.


Minha palavra
você já conhece?
Se não,
venha para prosa
coarei o café
enquanto escrevo as linhas que não quer ler
Pois minha palavra se recusou a dá incessantes voltas no Baobá
Em sentido anti- horário
ela dá volta em meu corpo
para me explicar quem eu sou.

Juliana Costa JF /MG

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

AUTOSSABOTAGEM

É abafar o grito e forçar  um sorriso receptivo enquanto professa que somos todos iguais. É amarrar os próprios sonhos em uma âncora e lançá-los em profundo buraco. É ser visionário da desgraça Prever apenas os escombros do futuro e a dor É rasgar os próprios poemas, quebrar todos os lápis, queimar todas as folhas e explodir a caixa de energia de casa. Autossabotar É construir uma armadilha que captura apenas o interior É ter as próprias digitais no pescoço e ser a testemunha de acusação e o reú. É chorar e dizer que as lágrimas salgadas Não fazem arder as feridas É tropeçar no cadarço do sapato que não quis amarrar É entrar no rio sem saber nadar Ou se afogar mesmo sabendo. Sabotar é puxar o fio vermelho das ideias do inimigo. É escrever um poema Que mata, mas que não lhe suicida. Juliana Sankofa 12/07/2018

NOVA VIÇOSA

A memória caminha sorrindo, ferindo os pés nos paralelepípedos afiados das ruas... tropeça em galinhas, observa as rodas dos homens que não fixam os olhos em seu rebolar. Esquecidas as feridas das pedras, a poeira das ruas de terra não desgruda de toda a memória. Os risos brincam de pique-esconde com as dores Cães e gatos caminham paralelamente na mesma rota. Se o sol não brilhar no céu, brilha intensamente nos olhos De quem ver beleza até no dia cinzento de domingo. A memória percorre o bairro Proseia com a esperança Carrega no colo a alegria Descansa sentada na calçada Escuta o canto da rosa, Sente o cheiro-gosto do café ... continua a caminhar. Passos de quem não sabe para onde vai ... mas se move sem pressa, dançante... colhe as histórias. Enquanto isto ... A senhora mais velha do bairro Nunca compreendeu o porquê da memória nunca envelhecer, Ofereceu-lhe um copo de àgua Olhou os pés sujos e machucados e nos lábios o lindo sorriso faz contraponto. Pergunta-lhe o nome: Memória de
A Maré não está para peixe Nem pra preto O anzol é o Estado A bala também. Que passado é este  que não deixa de ser passado para nós?