Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de agosto, 2017

LETRAS PRETAS

Eu sou uma Letra preta presente em um alfabeto branco e estrangeiro, meus sentidos são repletos, sua boca não pode me pronunciar. Habitam em mim muitas filosofias das africanas à greco-romana, seus olhos brancos com o universo reduzido busca me reduzir aos seus achismos? Não... Minha pretidão não desbota, minha razão não segue sua lógica ou suas loucuras. Sou uma letra preta meu tinteiro não foi feito pelo seu “senhor” e sim por um ferreiro que de mim por muitos anos foi ocultado mas que conhece muito bem o seu São Jorge. Sou uma letra preta minha tinta não lhe apaga, mas lhe incomoda.     Imagem: @arte.edavila Juliana Costa  27/08/2017

CODINOME MAMBA NEGRA

Sou a flor que não se cheira, Mas nunca fui nenhuma rosa radioativa. O veneno que escorre de meus lábios Viram linhas, tornam-se versos Eu metralho pessoas com palavras a sangue frio e ao meio- dia. Mas juro que não fui eu que criei Auschwitz. Não produzo em minha boca nenhuma amostra de Chernobyl. Não fabrico dinamites entre as pernas Mas em mim impera inúmeras explosões... as quais ninguém se queima. Sim, sou uma mamba negra com o sorriso de uma caninana e com uma simpatia de sucuri, mas não precisa ter preocupação alguma Quando nasci foi em legítima defesa. Juliana Costa JF/MG

INOMINÁVEL

                                                         Aos amigos Ana Lívia Coimbra  e Dinho Faber. Vivemos em sociedade, mas nada sabemos uns dos outros... Decifra quem está próximo com o cuidado de quem manuseia um caixinha sensível   esculpida por um artista anônimo. Ouça, Talvez ouvindo você compreenda do que é feito as pessoas. Saberá que é principalmente de palavras as que foram ditas e aquelas que se quer foram pronunciadas. Compreenderá que é preciso honrar a humanidade estranha e única que há em cada um de nós. Sentirá uma vontade imensa de abraçar   e ficar por horas sentindo aquela linguagem única transmitida pelos braços, traduzida no peito, registrada na cabeça. Ao ouvir eu sinto o cheiro da vó que não é minha, ou transito lugares que nunca fui e adquiro os anos que não tenho. Ouvindo somos iguais em nossas diferenças e o afeto se torna inominável. Juliana Costa 25/08/2017 JF/MG

TIRE TODO ESTE MAR

Não sei se digo Ou não digo, mas me incomoda bastante esta corda em volta do seu pescoço. Insisto em bater na porta do seu quarto de silêncio, Entretanto eu não sei bem o que fazer Se me mostro indiferente até para  a minha própria dor, Se eu prefiro tacar logo os verbos... Neste sujeito indeterminado que nos oprimem. Não sei se digo, Por que parece que o mundo anda exigindo palavras demais, Ações de mais... Mas os abraços ficaram retraídos pelos gritos de protesto e o afeto é um bandeira que não levantamos nem mesmo entre a gente. Não sei se digo, mas dói a garganta quando não digo Entre pétalas da flor de nossa história Sempre existiu  um bem me quer Embora haja o mal. Digo sem a esperança de ser compreendida se nossa sociedade é uma babel destruída  também por  um "bom senhor." Ainda digo, Sinto tantas raivas, Tantas mesmas que esta corda que lhe enrosca me machuca inteiramente. Por favor, Não leva a mal as m