PALAVRAS E SUAS FAÍSCAS

Escrevo
como ato de rebeldia
não de violação.
Escrevo
para poder entender
não pautada na incompreensão
Escrevo
por que sinto raiva
mas minha raiva não inibe o aroma
das flores que habitam os campos da vida
que tentam fazer de escravocratas  plantações.

Escrevo
sem mira
com um alvo certo:
todo este sistema.

Escrevo
e não tenho que justificar
apenas dizer que se quiserem
Viriam em Drummond um bom panfletário,
ou compreendia o Saramago como quem faz política
e não literatura
Sentiriam de ambos uma violência indizível
mas isso só se quiserem.
e se algum poder tiverem

As palavras saltam faíscas
anunciando o que sempre foi omitido
por uma sociedade forjada em não reconhecer os seus conflitos.
O demônio é sempre o outro,
eu sou seu outro?
As palavras saltam faíscas
daqui a pouco a chama acenderá ...
Tudo bem!
Amariam melhor  "o fogo que arde e não ser ver"

Escrevo
por que  posso ser a pedra no meio dos seus privilégios
e também diante de sua cegueira branca
eu posso ser a única que ver...

Escrevo por que estão acostumados com palavras bonitas
em relação as atrocidades que dizem.
Minha fofura habita minha palavra,
seu julgamento forja algum sentido
baseado em uma semântica do medo.
Escrevo por que sou lida
de várias formas

Juliana Costa 03/09/2017

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