MULHER NADA QUALQUER
Com tudo se pode fazer poesia,
Entretanto não a faço falando de quartos ou salas de estar.
Minha poesia é muito mais do que intimista,
Intimida.
Não escrevo sobre lábios íntimos,
Nem faço poesia das coisas tristes que nunca falei
A palavra me penetra, mas não emito gemidos
Ou peço condolências.
Minhas mãos estão calejadas,
cansadas da luta
pousam no papel.
Escrevo por indisposição
Em tolerar o seu racismo,
E de fingir que não enxergo o cinismo escrito em letras oficiais.
A poesia que escrevo
é uma mulher
que envenena as sinhás
enquanto degola os sinhôs.
Ela não é qualquer mulher.
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