O ESCUDO DA NÃO ESCUTA

Eu posso gritar
meu grito não perfura 
a brancura que entope os seus ouvidos.
Quem sabe eu possa escrever
mas seus olhos desviados,
acusará de inteligível 
aquilo que busco enunciar.
Posso até  escrever em braille,
mas o que adianta insistir 
com quem protege os privilégios com grades:
prisão em massa para pobres e negros,
mansões com grades e alarmes para os brancos?
Não adiantar,
Entender envolve querer.
O desconforto do meu sussurro 
já lhe deixa horas sem dormir,
imagina se me ouvirem completamente.
A falta de escuta
é um escudo.
É preferível contar carneirinhos 
antes de dormir 
do que contar verdades 
sobre esta barganha histórica 
cujo cartão de acesso 
é a pele.

Juliana Costa JF/MG





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