Quero um teto apenas meu
E, por favor, que as paredes
Não estejam pintadas de branco
E que seja proibida a frase
“O homem da casa”.
A casa será o ventre gerando minhas esperanças
fornecendo uma outra infância
E quem bater a porta
ao perguntar pela a senhora branca dona da casa
apenas eu direi:
"Está morta no sotão, quer deixar recado?"
Soltarei risadas de menina travessa embora
os anos tenham deixado cicatrizas nos olhos
Dançarei, mesmo que seja sozinha
ao som de Aretha Franklin
Chamarei a liberdade para tomar uma taça de vinho comigo...
enquanto a resistência também velhinha contempla sorridente tudo.
O quintal será enorme
Sem flores, apenas uma árvore
da fruta que eu mais gosto.
Será uma casa repleta de gatos e de livros
De risadas e palavras
A história brotará dos seus quatros cantos
E quando eu morrer
O velório será na sala de estar
Com as portas abertas para a eternidade.
E as lágrimas da saudade virão até mesmo de desconhecidos...
Não deixarei herdeiros
Sinto medo de permitir a qualquer serr humano
o legado de nossa miséria:
o racismo.
Juliana Costa 21/07/2018
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