JUIZ DE FORA EM LENTE PRETA

Um labirinto central de indiferença.
Em cada esquina
um esquecido da sociedade
que troca o dia pela noite
por que na luz do dia o mal se ameniza:
Ao invés de surras
recebe-se  os nãos
e  um humano
 “sai daqui seu vagabundo”.

A loucura se aquece no frio do central labirinto...
Na praça da estação
é onde os sentimentos se encontram
tudo em harmonia
Ou é riso ou é cansaço.
Nos trilhos
é o minério que encontra a luz no fim do túnel,
o aço rugindo interrompe a presa de quem faz do ferro
um ponto de passagem.
Os morros gigantes reduzidos pela geografia do poder
Nessa cidade repleta de nomes de Santos
os demônios são sutis.
Há também anjos de pedra guardando a encruzilhada da cidade,
um transeunte de pés dopados
perpassa silencioso as marcas esportivas e de solas confortáveis.

As esquinas  exalam a silenciada história, 
Homens brancos se tornaram nomes de ruas
A avenida cheia de ruídos
Lembranças da tragédia ocorrida no dia anterior,
a rua sempre foi a Santa Casa dos desfavorecidos

Uma bela cidade grande
repleta de feias mentes reduzidas
e um tanque de guerra mirando a ferrugem
O que de belo resiste
É a esperança daqueles que não se esqueceram 
da  simplicidade do sorrisos
e  não abrem  mão de um lindo “bom dia”
É uma cidade de muitas faces,
interessantes são suas fases.
Da ponte para cá
se ver o descaso
Da ponte para lá
a humanidade se afogou em um rio branco
É mineira 
e anseia o cheiro do mar
mas mesmo assim há campeonatos de surfs .


Eu a escrevo
caminhando pelo invisível.
Enquanto isto
uma mulher negra fareja algo nas lixeiras ...
é necessário comer.
Os olhares invisibilizam
Ou marginalizam,
mas não oferecem alimento.


Juliana Costa 
Juiz de Fora - MG 
07/05/2018



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