Pular para o conteúdo principal

NOVA VIÇOSA




A memória
caminha sorrindo,
ferindo os pés nos paralelepípedos afiados das ruas...
tropeça em galinhas,
observa as rodas dos homens
que não fixam os olhos em seu rebolar.

Esquecidas as feridas das pedras,
a poeira das ruas de terra
não desgruda de toda a memória.
Os risos brincam de pique-esconde com as dores
Cães e gatos caminham paralelamente na mesma rota.
Se o sol não brilhar no céu,
brilha intensamente nos olhos
De quem ver beleza até no dia cinzento de domingo.

A memória percorre o bairro
Proseia com a esperança
Carrega no colo a alegria
Descansa sentada na calçada
Escuta o canto da rosa,
Sente o cheiro-gosto do café ...
continua a caminhar.
Passos de quem não sabe para onde vai ...
mas se move sem pressa,
dançante...
colhe as histórias.



Enquanto isto ...
A senhora mais velha do bairro
Nunca compreendeu o porquê da memória nunca envelhecer,
Ofereceu-lhe um copo de àgua
Olhou os pés sujos e machucados
e nos lábios o lindo sorriso faz contraponto.
Pergunta-lhe o nome:
Memória de Nova Viçosa.


Juliana Costa 02/07/2018 Viçosa-MG




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

AUTOSSABOTAGEM

É abafar o grito e forçar  um sorriso receptivo enquanto professa que somos todos iguais. É amarrar os próprios sonhos em uma âncora e lançá-los em profundo buraco. É ser visionário da desgraça Prever apenas os escombros do futuro e a dor É rasgar os próprios poemas, quebrar todos os lápis, queimar todas as folhas e explodir a caixa de energia de casa. Autossabotar É construir uma armadilha que captura apenas o interior É ter as próprias digitais no pescoço e ser a testemunha de acusação e o reú. É chorar e dizer que as lágrimas salgadas Não fazem arder as feridas É tropeçar no cadarço do sapato que não quis amarrar É entrar no rio sem saber nadar Ou se afogar mesmo sabendo. Sabotar é puxar o fio vermelho das ideias do inimigo. É escrever um poema Que mata, mas que não lhe suicida. Juliana Sankofa 12/07/2018
A Maré não está para peixe Nem pra preto O anzol é o Estado A bala também. Que passado é este  que não deixa de ser passado para nós?