CANTIGA PARA O AMOR



A minha raiva
é fogo que arde sem  se ver
é um poema distorcido
para satisfazer quem só reconhece
o racismo reverso.

É muito cômodo propor o afeto
quando a mira social
não está na sua cabeça.
A minha raiva não lhe abraça
E não lhe beija.
Ela apenas tira do debaixo do tapete
a diferença que você transformou em insignificante detalhe.
De vez enquanto a minha raiva se faz extremamente sorridente
“Preto bom é aquele que mostra os dentes”
Minha raiva tem voz suave e respeitosa
diante desses racistas genorosos
que amam falar sobre nós
enquanto  no silenciam
com inúmeros nós brancos na garganta.

A minha raiva é como uma cicatriz na garganta
cuja dor ainda me assombra.
A minha raiva odeia o privilégio do amor
Ela é fofa
Despedaça-lhe por dentro
Enquanto canta uma canção
Para lhe ninar.

Juliana Sankofa  12/09/2018 Viçosa-MG 

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