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Mostrando postagens de outubro, 2018

PESADELO

Observo as pessoas com suas condutas ditas naturais e com justiça vencida  numa sociedade cujo sol é o cifrão. Sinto na pele o arrepio, Único e intransponível Vejo a bandeira desbotada de ideologias e com respingos de genocídio que o mais caro dos alvejantes tentou ocultar. Ouço uma multidão de gritos Historicamente ilegíveis As mesmas mãos que aplaudiram os corpos negros linchados, Também pelo fogo. São idênticas as mãos que queimaram sutiãs e que assinaram as leis. A realidade é luz apagada E eu preciso dormir. Juliana Costa  17/10/2018 Rio de Janeiro / RJ 

BALAS SEMPRE SELETIVAS

O ódio sai às ruas e diante da resistência negra nenhum tribunal branco julgará como legitima defesa. As balas seletivas nunca erram o alvo. Se o corpo é branco a bala é de borracha Se o corpo é negro bala puro chumbo, vozes apagadas. Se o alvo é preto a plateia é branca. Uma história de governos brancos e vozes roubadas. O populismo do branco é  o racismo sorrindo. Para nós, Sempre foi tempo de resistir... A resistência negra  nunca foi provisória. Juliana Costa  Rio de Janeiro - RJ  14/10/2018

SEM NOVIDADES

A lógica é simples: O racista de ontem, É o fascista de hoje Que continua racista, mas sem sutileza alguma. Para o branco o medo diário é novidade, A angústia fica entalada no pescoço Impedindo a respiração... “Oh, meu Deus, destruíram a democracia!”   Lá nas favelas a mesma nem subia, as lágrimas mães-pretas   já diziam: “Meu filho só errou em nascer preto”. O medo preto cês nem entendiam Viam   policial como símbolo budista, Namastê! Se invadem os barracos é preciso abaixar a cabeça pra evitar o esculacho. “Neguinho, ver se não me encara”. Fecham- se os olhos Antes um olho roxo ou os dois Do que nunca mais abri-los. Bala perdida não atrapalha yoga de branquim Mas encontram o corpo do neguim. Já que   rosas em mãos negras   são vistas como   dinamites E guarda-chuvas   como fuzis. Juliana Sankofa 13/10/2018  Rio de Janeiro - RJ 

A PRÓXIMA ENCRUZILHADA

    Eu tive um pesadelo bem sinistro. O coiso foi eleito presidente, um caos reinou no país. Gente preta morrendo aos montes devido à violência do Estado... Ops, não, isto era antes do Coiso ser eleito, confundi. Mas lembrando do sonho, o inferno social, racismo não ficou mais na esfera da sutileza, legalizado, todo mundo colocou os seus sinhôres à luz do nosso século. Corpos negros foram os primeiros a desaparecer, mas a ênfase social sempre foi nos corpos brancos desaparecidos, pois de alguma forma fizeram falta. Foram extintas as cotas raciais que brancos fraudavam e privatizou-se o ensino superior, mas mesmo assim o branco pobre entrava, já que o problema da sociedade não é racial, é de classe. Acordei, calafrios e uma cabeça dolorida . Depois de tanta coisa horrível, resolvi dormi novamente, refiz os cantos, preces para alguns.      E tive um sonho muito lindo, o Coiso não foi eleito. Mas algo do pesadelo se manteve, as pessoas pretas morrendo aos montes devido à violência do