PESADELO


Observo as pessoas
com suas condutas ditas naturais
e com justiça vencida 
numa sociedade cujo sol é o cifrão.
Sinto na pele o arrepio,
Único e intransponível
Vejo a bandeira desbotada de ideologias
e com respingos de genocídio
que o mais caro dos alvejantes tentou ocultar.
Ouço uma multidão de gritos
Historicamente ilegíveis
As mesmas mãos que aplaudiram
os corpos negros linchados,
Também pelo fogo.
São idênticas as mãos que queimaram sutiãs
e que assinaram as leis.
A realidade é luz apagada
E eu preciso dormir.

Juliana Costa 
17/10/2018 Rio de Janeiro / RJ 


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