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EU SOU A ESCURIDÃO QUE AMANHECE

Por dentro
travo uma luta sem coletivo
Por fora
meu punho em riste
sintoniza-se com vários punhos
sem direito de fraquejar
sem dor
só luta.
Mas há noites que nem a escuridão me reconhece
Experiencio uma palidez seca
que faz do meu berro grandioso deserto

Na "escuridão" da minha escuridão mutilada
eu sou minha própria cilada
Choro e afogo-me
Quando penso que já morri...
Vejo um pássaro olhando para mim,
sem parar o ritmo do seu andar.
Eu o sigo
meus pés se tornam ondas
o vento bravo me ressuscita
Solda-me meus pedaços
Amanheço
E a aminha escuridão é Outra.

Juliana Sankofa
01/06/2019
Viçosa-MG


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