POEMA NOTURNO 08/03/22
e volumosa rachadura
que se soma a outras tantas.
Sem ter fronteira,
meu corpo mapea-se com indizíveis.
Performo o meu feminino
nada Universal
Assim, rego as vozes
mutiladas pelo descaso insonoro
de outras que compartilha
vestidos-privilégios
apenas entre as suas iguais.
No meu corpo,
das rachaduras saem versos
ora ríspidos,
ora doces
de quem olha o mundo
pelas frestas das ilusões impostas.
É desse corpo de chão batido
que reinicio cotidianamente os reparos
do caos escondido nas frestas
das ideias diluídas no amargo silêncio
de quem não escuta,
mas finge.
Inevitavelmente eu sou
uma esfinge de traços quebrados
que ainda devora, com riso na boca,
toda "verdade" imposta
no intuito de manter o enigma
mais escuro do que claro.
Juliana Sankofa
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