A branquitude ama o Cânone

porque Ele não se parece comigo
O Cânone não tem pele,
não tem cabelo
não tem nariz
e finge ser "todo mundo".

A branquitude ama o Cânone
porque Ele não se parece comigo
Ele urina de pé
ignorando a realidade
não por talento e sim pelo medo
de ver a escuridão nos cantos do Brasil

A branquitude ama o Cânone
porque Ele não se parece comigo
O Cânone já levantou a chibata
O Cânone é puro Engenho
O Cânone não entendeu o Machado
Afiado em Lima,
escondeu o pioneirismo de Maria
O Cânone criou sombras,
direcionou o clarão
e definiu entre si quem tinha o mesmo sangue semiótico
para se sentar a mesa
nos chás nas terças-feiras.

Eu sinto raiva do Cânone
e Ele sente raiva de mim.
O Cânone não é Universal
é imposto.

Juliana Sankofa




Imagem: escritora Carolina Maria de Jesus
Fonte: pinterest


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