Se eu morrer hoje, diga que eu não cedi. A cada palavra de recusa, mais violentas eram as tentativas de me fazer crer que o mundo dos brancos era natural. Eu não cedi. Chorei. E, nas lágrimas, pedaços da minha alma liquefaziam-se, como se, nos olhos, coubesse um cemitério de águas salgadas onde ninguém ousaria atravessar. Eu não cedi. Tremores anunciavam, a cada crise, o fim do mundo. E, quando eu via que era ilusão, desejava-a como verdade. Se eu morrer hoje, diga que me vinguei e não deixei testemunhas. Meu corpo epitáfio daqueles que não cederam dançam ao som do grito de guerra dos Aimorés e a luz do fogo dos Mandikos. Juliana Sankofa




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