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Mostrando postagens de junho, 2023
Às vezes, sinto que perdi a poesia Blasfemo minha própria existência enquanto encaro a pedagógica tirania Meu corpo não cabe nos binarismos ocidentais Sou má, apesar de boa Escrevo em cada entrelinha um abismo de dizeres Minhas palavras carregam certos prazeres ao mesmo tempo que erguem a episteme da minha vingança Longe de mim qualquer discurso de esperança de restituir o meu status de sujeito Cansei de ser objeto limitado em artigos de quem não se escreveu e nem se leu. Não venha Deus, Solicitar de mim mais uma reza em que eu precise estar sempre curvada A espiritualidade imposta é tão “acolhedora” quanto uma senzala Minha fé não cabe em nenhum contrato de subalternidade Meu saber não profere pactos de colonialidade Meu ser é pétala que rasga quem me arranca violentamente de mim mesma Meu poder é o anti-domínio enquanto suspiro nos ouvidos a culpa camuflada nas vaidades. Juliana Sankofa 13 de junho de 2023  Imagem: pinterest https://pin.it/29axXR1