Meu corpo até arrepia de contar-lhes sobre isto, mas enfim, eu posso até morrer logo após este relato. Foi neste ano, o céu já amanheceu estranho, nem um pardal voava ou cantava, apenas aquela multidão de pássaros brancos, estilo pomba da paz, cobriam tudo. A Lalinha só pela manhã matou uns 20 que davam o ar da graça na janela de casa, eram todos iguais, não via beleza alguma neles, era medonhos, tinha olhares de certeza sobre tudo que sobrevoavam, parecia até a colonização, mas era e não era. Resolvi acender a vela para o Ori, proteção, meus lábios tamboreiavam algumas letras, no instante a passarada voava como se tivessem crianças- espíritos correndo atrás. O sossego veio, Lalinha já havia garantido a refeição do mês todo, bichinha estranha, lambia as patas de satisfação e implicava com aquilo que eu não via por ter acabado com a sua diversão. O céu continuava branco, até parecia o cérebro da sociedade, era assustador. Telefonemas, e-mails, textões na internet pessoas...