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Mostrando postagens de novembro, 2015

HUMANIDADE RADIOATIVA

Nossos velhos terão olhos lagrimejantes a minério Nossas crianças compreenderão que o dinheiro sempre será o critério E a maioria dos pobres  conhecerão de cór o caminho do necrotério E o que é ser humano constituirá nosso enigmático mistério E não valem nadas bonitas rimas Se o que importa a justiça são os minérios das minas Não adianta as  desculpas de falsos cataclismas Se nada diminui em mim todas as angústias e as cismas Esta humanidade radioativa Dos poderosíssimos  egos é cativa Destruição em efeito colateral perde-se tudo: Palavras, águas, gentes, a vida. menos esta  lógica do absurdo prima perfeita de Hiroshima Esta que nenhuma mídia filma .                                                         Juliana  14 /11/2015

NEGRO SIM.

                                                                      Ao NEAB Viçosa Fico a pensar Porque a sociedade insiste em acreditar Na pele negra cheia de ausências Porém se enganam, pretíssimas são nossas essências E não estamos em tempos de concordância ou cegas obediências Queremos ser negros até que ser deixe de ser pecado E que nenhum de nós de nenhuma forma seja escravizado Poesia é coisa de rico Mas mesmo assim eu arrisco É coisa de branco Mas eu escrevo e não me espanto Pois minhas letras são negras Lirismo e militância são minhas regras A poesia é o meu poder pensar. Discursivamente minha espada eu irei levantar A...

PEDRAS DA CIDADE

                              Dedicado a Maísa Alves , Adenilde Petrina e Rafaela Moreira Cidade de pedras Em que sutis regras Impedem sonhos, fecham caminhos Pois o rigor é as gentes de colarinhos Desacreditando Desestimulando Todas as vozes da rua Oferecendo desesperança crua Impedindo que a voz negra se construa como forte ventania a arrastar na avenida A anônima gente deprimida Pois cada dia é uma luta diferente Talvez não seja a fome e nem a corrente Mas o sol esquenta o pêndulo do tempo Que marca as ideias e as promessas de  que as coisas irão melhorar, não tenhamos pressas Cidades de pedras Pedras que colidem mas que não se sentem Fazem fogo, fazem barulho O pó em forma de orgulho E do morro as vozes se multiplicam Querem anunciar que certas coisas não aceitam Fora racismo, pois a...

VONTADE

                                   Às vezes bate uma vontade De     escrever Reescrever Rabiscar Tudo que o mundo projeta em meus olhos Mesmo que da vida o sistema espera que eu seja analfabeta O lápis na mão Tem gente que diz que é necessária vocação Digo que não, necessitamos apenas da reflexão Pintada de rima, palavra     pregada na gente como ímã. Palavra cuspida é escarro Não é poesia, é apenas o     bizarro: Escrever sem senti Senti sem escrever Ai que vontade desgraçada De escrever mesmo que seja palavra inadequad a Quero poder rimar soneto Com gueto Camões Com orações Só para acabar com esta vontade danada Que surge até de madrugada           Juliana Costa 04/11/2015

FÊNIX NEGRA

O racismo já foi ciência Daqueles que nos tiraram a terra e a ascendência Difundira que a nossa alma é uma ausência Em meu corpo minha alma é uma fênix negra Que recusa a gaiola como lei ou regra A elite protege o direito de seu clã Herdeiros da "meritocracia" ou do Ku Klux Klan Enaltecendo privilégios conquistados pelo favoritismo Daquela gente que carrega no peito a cruz do fascismo Sou negra assim como a noite Renunciei da alma todos os traumas do açoite O tambor e o agogô fazem- me mais forte Pois negramente eu farei a minha sorte Embora na favela o camburão enquadra Criança na lei do escravocrata Que as leis ao pobre é a mais dura que a chibata Pois controla pelo medo e mata Querem nos convencer que o nosso limite é o chão Querendo impor com cortesia uma nova escravidão E nos restringi a uma social solidão Aprendemos que medo aprisiona a mente Faz nosso corpo inerte e demente Cega-nos brancamente Dizem que já temos liberdade Isabel, princesa, d...

PROCURA- SE

Quero a liberdade Não aquela que açoita e diz que preza o que é humano Eu a quero a minha imagem e semelhança Não quero aquela em forma de fiança Eu quero a liberdade Que me permite a diversidade: De ser De pensar De escrever Quero a liberdade Que venha transparente, verde ou rosa Mas, por respeito a mim, não venha branca ou vaidosa Pois branca foi a mão Que a tirou de mim Quero a liberdade Cúmplice de minhas percepções Não aquela que marca na pele mil delitos Ou que marque na minha pele inúmeras decepções E sim aquela que espairece a mente, diminui os conflitos Eu penso a liberdade A caminhar tranquila sem ser confundida E sem perder o seu chão com uma bala perdida no coração Eu penso a liberdade Menina travessa a percorrer correndo todos os lugares Sem ser julgada ou aliciada pelos olhares De quem a não ver como o que é E por pensa-la tanto, meu querer torna-se angustiante E a sociedade me fez uma...