Preciso escrever com afetos, mas, com as mesmas mãos que escrevo, puxo o pino, levo a pane, explodo imagens, discursos e ideias criadas sobre mim e à custa do meu silêncio. Preciso dizer que sei tocar o sensível, sei beijar gostoso, gozo e sinto tudo ao meu redor. Não sou carne, não sou peça, sou tripla, sangue e sinapses. Ora eu sou o próprio enjoo, vivo o silêncio de um marulhar indescritível. Ora eu sou o mofo irreversível da história da Nação: devoro o arquivo nacional e defeco agrotóxico e exploração. Eu preciso escrever com as minhas próprias mãos, os meus próprios olhos e as minhas próprias lágrimas. Guardem as borrachas brancas, o corretivo e o “delete”. Escrevo nesta língua, porque me foram roubadas outras e me foi imposta esta. ...