A MADRUGADA É MAIS NOITE OU MAIS DIA?

Quem é negro
Já nasce com a noite no peito
Cresce com os olhares brancos
Marcando a pele.
Já na escola aprende
Que não pode ser a noiva ou noivo da quadrilha
Nem príncipe ou princesa.
Mas quando é carnaval na escola...
Logo é visto
E sempre estimulado a sambar
Mesmo que não saiba.

Quem é negro
Consegue se ver no escuro
Não tem dúvidas
Mas e quem não é?
Se for branco tem a certeza
Que o lápis cor de pele
É apenas o rosa.
E quem não é?
Ou quem se encaixa
No espaço cinza do binarismo?
A dúvida surge como dor
A sociedade branca quando convém
Inferioriza a sua cor,
Mas quando não convém
Vem com diminutivos de seletividade:
“Você não é muito pretinho,
Mas também não é branquinho”
A pele como madrugada
O racismo sorrir para alguns
E agredi os outros.
Se a madrugada se enforca
A corda pode ser branca como preta.


Amarelaram tanto a nossa história
Que se autoidentificar e ser aceito
Também consiste em um privilégio.

Juliana Costa  29/01/2018 JF/MG 




Comentários

Postagens mais visitadas